O ataque confirmado no sábado (14) contra uma das instalações nucleares mais protegidas do Irã marcou uma nova escalada nos bombardeios atribuídos a Israel e acendeu o alerta sobre um possível avanço rápido de Teerã rumo à fabricação de armas nucleares. A instalação, localizada perto da cidade de Qom e cravada no interior de uma montanha, abriga centrífugas capazes de enriquecer urânio a níveis próximos do grau militar. As informações são do jornal The Financial Times.
O governo iraniano reconheceu a ofensiva, mas informou que os danos foram limitados. Especialistas, no entanto, apontam que o alvo — a base subterrânea de Fordow — foi escolhido justamente por sua importância estratégica. “Fordow é o centro absoluto da operação nuclear do Irã”, afirmou Behnam Ben Taleblu, o think tank Fundação para a Defesa das Democracias (FDD, na sigla em inglês), em Washington.

Segundo o Instituto para a Ciência e Segurança Internacional (ISIS), o Irã já acumula 408 quilos de urânio enriquecido a 60%, patamar a poucos passos do grau armamentista. “O Irã poderia produzir sua primeira quantidade de 25 quilo de urânio em grau militar em apenas dois a três dias”, alertou o ISIS. O restante do estoque seria suficiente para fabricar até nove ogivas em menos de um mês.
A base atacada, projetada para resistir a bombas de penetração profunda, está localizada a cerca de 500 metros de profundidade e é considerada praticamente invulnerável à maior parte do arsenal conhecido. “Será um desafio sem o apoio dos EUA. Está profundamente fortificada. Não sei quanto dano podemos causar ali”, avaliou Danny Citrinowicz, ex-oficial de inteligência de Israel e pesquisador do Instituto de Estudos de Segurança Nacional, em Tel Aviv.
Embora o governo israelense não tenha assumido oficialmente a autoria do ataque, o episódio segue uma série de ações ofensivas contra instalações nucleares iranianas nas últimas semanas. A principal planta de enriquecimento do país, em Natanz, foi gravemente danificada no início do mês, de acordo com o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi.
Teerã também avança silenciosamente na construção de uma nova base subterrânea ainda mais profunda, escavada no monte Kūh-e Kolang Gaz Lā, conhecida como Pickaxe. A estrutura teria ao menos quatro túneis de acesso e mais área útil que Fordow. A AIEA ainda não teve acesso ao local. “Uma questão-chave é se o Irã irá, ou talvez já tenha, escondido material físsil em Pickaxe ou em alguma outra instalação secreta”, afirmou Ben Taleblu.