Avanço do Taleban leva ao fechamento de veículos de imprensa no Afeganistão

Jornais, rádios e emissoras de televisão são alvo nos distritos que passaram a ser controlados pelo grupo jihadista

O ressurgimento do Taleban como governo paralelo no Afeganistão tem sido particularmente prejudicial à imprensa independente local. Dezenas de jornais, rádios e emissoras de televisão foram fechados desde que o grupo jihadista passou a conquistar território, na esteira da evacuação das tropas dos EUA e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). As informações são do site local Gandhara.

A situação remete a um passado não muito distante, de quando o Taleban governou o país até 2001 e baniu a imprensa independente. Os veículos de mídia ressurgiam com força no período posterior, mas agora voltam a ser alvo nos distritos em que os extremistas assumiram o controle, em meio à mais recente ofensiva contra forças do governo.

Jornalistas de Cabul participam de um treinamento da ONU em 9 de novembro de 2016 (Foto: Flickr)

Quando o fechamento não ocorre por imposição dos talibãs, os próprios veículos optam por encerrar atividades, temendo represálias. Há registros de ao menos 12 jornalistas mortos no país neste ano, a grande maioria pelos extremistas. E muitos profissionais tiveram que deixar suas casas em regiões controladas.

Entre os poucos veículos que sobrevivem, a ordem é não transmitir qualquer tipo de programação musical nem vozes femininas. E apenas conteúdo ligado à propaganda do Taleban é permitido, como boletins sobre as ações do grupo e mensagens religiosas islâmicas.

A rádio Nawbahar Balkh, no distrito de Balkh, é um dos veículos agora controlados pelo Taleban. Apenas dois dos 18 profissionais que trabalhavam na emissora permanecem. Os demais fugiram com medo da violência. “Aqueles que ficaram foram forçados a transmitir conteúdo do Taleban, que usa a emissora para fazer propaganda contra o governo“, conta um ex-funcionário que deixou a região.

A Rádio Sedaye Kokcha, no distrito de Jurm, no norte do país, conseguiu sobreviver, mas teve que se adequar às normas talibãs. “Atualmente, estamos transmitindo programas agrícolas, de saúde e literários, mas estamos censurando programas musicais”, diz o diretor Nasir Ahmad Akhgar. “E apenas homens trabalham na estação agora”.

Em áreas sob seu controle, o Taleban também proibiu smartphones e redes sociais, impedindo assim o acesso a informações independentes. Há relatos de pessoas que foram agredidas por jihadistas por postarem comentários críticos no Facebook.

Segundo dados do Ministério da Informação e Cultura do Afeganistão, ao menos 35 meios de comunicação fecharam desde que o Taleban iniciou sua ofensiva em 1º de maio. Outros seis veículos privados de mídia passaram para o controle dos jihadstas.

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