A bomba que matou o líder político do Hamas na última quarta-feira (31) em Teerã, capital do Irã, havia sido plantada secretamente no local do ataque dois meses antes da visita do alvo. A revelação foi feita por sete fontes de inteligência, entre elas duas iranianas e uma norte-americana, que falaram com exclusividade ao jornal The New York Times.
Apontado por Irã e Hamas como responsável pelo ataque, o governo de Israel não assumiu a autoria. No entanto, uma das fontes sugeriu a responsabilidade ao dizer que o Estado judeu informou Washington e outros aliados ocidentais sobre os detalhes logo após o assassinato.
A revelação feita pelas fontes ao jornal norte-americano derruba a especulação que surgiu logo após a morte, de que um míssil disparado por Israel teria sido responsável. Tal teoria, agora descartada, gerou questionamentos à segurança iraniana, sob o argumento de que suas defesas antiaéreas não teriam conseguido impedir a ação do drone ou do jato que teria disparado o artefato.
Segundo as pessoas que fizeram as revelações, o dispositivo explosivo estava no quarto da residência que costumava receber o líder do Hamas sempre que ele visitava Teerã. Trata-se de um edifício localizado em um bairro luxuoso da capital iraniana, que ficou bastante danificado pela forte explosão. Além da autoridade palestina, a explosão também matou um guarda-costas.
Haniyeh estava na lista de alvos de Israel desde os ataques do Hamas ao país em 7 de outubro. Ele não foi o idealizador da operação, mas, segundo a agência Associated Press (AP), a exaltou como um golpe humilhante contra o aparentemente invencível inimigo. Foi, desde então, marcado como um alvo preferencial do governo israelense, que tem um histórico de missões semelhantes bem-sucedidas.
Se o Estado judeu manteve o silêncio, os EUA trataram de se declarar inocentes logo após a morte. “Em primeiro lugar, é algo de que não estávamos cientes nem envolvidos”, disse o secretário de Estado Antony Blinken em entrevista exclusiva à rede CNA, da Indonésia. E acrescentou que “é muito difícil especular” quanto aos efeitos da morte de Haniyeh.
No dia seguinte à morte de Haniyeh, o presidente norte-americano Joe Biden ainda fez uma leve crítica à ação que matou Haniyeh, dizendo que o episódio “não ajuda” a construir um acordo de paz em Gaza, segundo a agência Reuters. Ele também confirmou ter falado com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, sem dar maiores detalhes.
Israel ainda anunciou na quinta-feira (1º) que suas forças mataram Mohammed Deif, o comandante militar do Hamas em Gaza. Ele teria sido morto em um ataque aéreo realizado em 13 de julho em al-Mawasi, perto de Khan Younis, no sul do enclave, embora um importante membro do grupo militante palestino tenha afirmado que o homem ainda está vivo.