Brasil se junta a aliados ocidentais para condenar nova ofensiva prometida por Israel

Estado judeu anunciou que realizará um grande ataque contra a cidade de Rafah, em Gaza, perto da fronteira com o Egito

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou na terça-feira (13) que prosseguirá com os planos de uma grande ofensiva na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, último reduto dos palestinos que fogem dos bombardeios. O anúncio recebeu condenação internacional, inclusive do Brasil e de nações ocidentais aliadas aos EUA.

“O governo brasileiro recebe, com grande preocupação, o recente anúncio, por parte de autoridades israelenses, de preparação de nova operação militar terrestre em Gaza, desta vez no Sul, na região de Rafah, na fronteira com o Egito“, disse o Ministério das Relações Exteriores em comunicado divulgado na terça.

Segundo o Itamaraty, a operação, “se levada a cabo, terá como graves consequências, além de novas vítimas civis, um novo movimento de deslocamento forçado de centenas de milhares de palestinos, como vem ocorrendo desde o início do conflito.”

Veículos blindados das IDF operando perto da fronteira de Gaza (Foto: Israel Defense Forces/Flickr)

Embora tenha confirmado o ataque, Netanyahu não deu detalhes sobre quando ou como ele será feito. Também não comentou a situação dos palestinos que buscam abrigo em Rafah, virtualmente sem outra alternativa para escapar dos ataques dentro de Gaza.

A ameaça israelense foi duramente criticada pela ONU (Organização das Nações Unidas), que projetou uma catástrofe “além da imaginação” em Rafah. Segundo Martin Griffiths, subsecretário-geral para Assuntos Humanitários e coordenador de Ajuda de Emergência, um ataque na região “poderia levar a um massacre”.

Quem também se manifestou contra a decisão israelense foi o presidente francês Emmanuel Macron, segundo relatou a agência Reuters. Em telefonema feito a Netanyahu na quarta, ele alertou que a ofensiva levaria a um novo deslocamento em massa e ampliaria a chance de um conflito regional.

Já a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, afirmou que as pessoas hoje abrigadas em Rafah não têm mais para onde ir e “não podem simplesmente desaparecer no ar”.

Em comunicado conjunto, Austrália, Canadá e Nova Zelândia seguiram pelo mesmo caminho e condenaram a decisão, alertando para a falta de opções da população palestina caso Rafah sofra um intenso bombardeio.

“Cerca de 1,5 milhão de palestinos estão se refugiando na área, incluindo muitos dos nossos cidadãos e suas famílias”, disse o grupo, de acordo com o site The Defense Post. “Uma operação militar ampliada seria devastadora. Instamos o governo israelense a não seguir este caminho. Simplesmente não há outro lugar para onde os civis possam ir.”

O Itamaraty ainda lembrou que 80% dos habitantes de Gaza já foram “obrigados a deixar suas casas, e a maioria deles na direção de Rafah, indicada inicialmente como área segura pelas autoridades israelenses.”

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 28 mil palestinos foram mortos desde o início dos ataques de Israel, desencadeados pela agressão do Hamas em 7 de outubro. Outras mais de 68 mil pessoas foram feridas no enclave.

Recentes decisões do governo de Israel incomodam inclusive alguns de seus cidadãos. Familiares dos reféns mantidos pelo Hamas condenaram o anúncio de Netanyahu de que não enviará uma comitiva para as negociações que serão realizadas no Cairo. O gabinete do premiê exigiu nova condições por parte dos radicais para aceitar o diálogo.

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