Canadá classifica a Guarda Revolucionária do Irã como uma organização terrorista

Governo canadense vinha resistindo à pressão porque entendia que a medida colocaria em risco seus cidadãos em território iraniano

O Canadá anunciou na quarta-feira (19) que a Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), instituição militar oficial do Irã, será classificada como organização terrorista, atendendo a uma antiga reivindicação da oposição política local e da diáspora iraniana no país. As informações são da rede BBC.

Fundada em 1979, a IRGC é uma força militar de elite do Irã, responsável por proteger o sistema político e religioso do país. Ela atua de forma independente em relação às Forças Armadas iranianas e se reporta diretamente ao líder supremo do país, atualmente o aiatolá Ali Khamenei.

Parada de blindados do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica, do Irã (Foto: WikiCommons)

As estimativas indicam que a entidade conta atualmente com 190 mil membros ativos, com forças terrestre, marítima e aérea. Cabe à Guarda a responsabilidade de supervisionar as armas estratégicas do Irã, inclusive o programa nuclear que prepara o país para ter armas de destruição em massa.

De acordo com Dominic LeBlanc, Ministro da Segurança Pública do Canadá, a lista de facções terroristas à qual a IRGC foi adicionada é uma “ferramenta significativa no combate ao terrorismo global.”

“O regime iraniano tem demonstrado consistentemente desrespeito pelos direitos humanos, tanto dentro como fora do Irã, bem como uma vontade de desestabilizar a ordem internacional baseada em regras”, disse a autoridade canadense.

Teerã, por sua vez, se manifestou através do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Nasser Kanaani, segundo quem este é “um passo imprudente e não convencional com motivação política.” Ele acrescentou: “A ação do Canadá não terá qualquer efeito sobre o poder legítimo e dissuasor da Guarda Revolucionária.”

A pressão pela inclusão da IRGC entre os grupos terroristas designados cresceu após a entidade ser acusada de abater o voo PS752, da Ukraine International Airlines, que seguia de Teerã a Kiev, na Ucrânia. EUA, Canadá e Reino Unido afirmam que um míssil disparado por engano derrubou a aeronave, matando todas as 176 pessoas a bordo. Havia 63 canadenses no voo.

O primeiro-ministro Justin Trudeau, entretanto, resistia à inclusão na lista de terroristas sob o argumento de que isso colocaria em risco a liberdade dos cidadãos canadenses no Irã. Inclusive, após o anúncio, a ministra das Relações Exteriores Melanie Joly alertou seus compatriotas para o risco de detenções arbitrárias.

“A minha mensagem é clara: para aqueles que estão no Irã neste momento, é hora de voltar para casa”, disse ela. “E, para aqueles que planejam ir ao Irã, não vão.”

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