A economia do Afeganistão está em “queda livre”, segundo o subsecretário-geral da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários, Martin Griffiths. Ele afirmou nesta terça-feira (21) que 23 milhões de pessoas passam fome no país, sendo que as crianças desnutridas estão lotando os centros de saúde. E que 70% dos professores estão sem salário, com milhões de estudantes fora da escola.
A crise ocorre em meio à desvalorização acentuada do afegane, a moeda do país, e à falta de confiança do setor financeiro, que “destrói o comércio” e bloqueia empréstimos e investimentos.
O subsecretário-geral da ONU declarou ser “urgente a necessidade de estabilizar o setor bancário e garantir liquidez”. Segundo Griffiths, só assim será possível “salvar a população afegã e permitir uma resposta das organizações humanitárias”.
O representante da ONU elogiou a decisão do Banco Mundial de transferir, ainda neste mês, US$ 280 milhões para os trabalhos do Unicef e do Programa Mundial de Alimentos (PMA) no Afeganistão.
Griffiths explica que as famílias estão sem dinheiro para transações do dia a dia, enquanto os preços das principais commodities continuam subindo. Tanto o trigo como o combustível tiveram alta de 40% e as famílias gastam 80% de sua renda no supermercado.
O apoio internacional para o desenvolvimento está congelado, e serviços sociais básicos tão necessários à população desapareceram. Griffiths alerta ainda para a possibilidade de que a pobreza universal se torne uma realidade para 97% dos afegãos até meados do próximo ano. Segundo ele, durante o período de um ano, 30% do PIB (Produto Interno Bruto) afegão será perdido, enquanto o desemprego entre os homens alcançará a marca dos 29%.
O subsecretário-geral para Assuntos Humanitários teme que o país não conseguirá enfrentar esta temporada de inverno apenas com ajuda emergencial, por isso é necessário mais financiamento de doadores para garantir serviços básicos nos setores da educação, da saúde, da energia, entre outros.
Griffiths afirma que, em 2022, a ONU deverá lançar o maior apelo financeiro da história, de US$ 4,5 bilhões, em prol dos mais vulneráveis do Afeganistão. Sem ação, ele afirma que haverá consequências claras: “O Afeganistão irá colapsar, as pessoas vão perder a esperança e toda a região verá um aumento da desestabilização”.
Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News