Tadjiquistão envia mais de 200 mil soldados à fronteira com o Afeganistão

Com a ameaça iminente do Taleban na fronteira tadjique, a movimentação militar é um recado aos vizinhos

O Tadjiquistão deslocou centenas milhares de tropas à zona de fronteira com o Afeganistão. Em meio ao aumento da tensão no país vizinho, fruto do constante ganho territorial por parte do Taleban, as forças tadjiques foram mobilizadas para um eventual combate, de acordo com a Radio Free Europe (RFE).

No total, as forças tadjiques enviaram 100 mil soldados ativos e outros 130 mil soldados e oficiais da reserva. Um exercício de combate foi realizado na quinta-feira (22), na maior mobilização da história do país desde a independência da ex-União Soviética, em 1991.

Novos soldados do exército afegão, apresentados em 15 de março de 2021 (Foto: Reprodução/Twitter/Ministério de Defesa do Afeganistão)

Nas últimas semanas, o Taleban tomou o controle de boa parte da região norte afegã, incluindo o principal posto de fronteira de Shir Khan Bandar com o Tadjiquistão. Autoridades tadjiques dizem que mais de 900 quilômetros da linha divisória entre o país e o Afeganistão são atualmente controladas pelos jihadistas.

Somente em julho, ao menos mil afegãos, incluindo polícias e tropas governamentais, entraram em território do Tadjiquistão para fugir do avanço dos talibãs. Eles foram prontamente enviados de volta para casa, obrigando Cabul a fretar aviões para repatriar seus desertores.

Mesmo sob a tensão de uma invasão iminente, o Tadjquistão conta com um aliado de peso. A Rússia se prontificou a dar suporte militar em caso de uma invasão vinda do Afeganistão. Junto do exército do Uzbequistão, Moscou participará de uma série de manobras militares no país em agosto.

A Rússia justificou sua posição com base na CSTO (Organização do Tratado de Segurança Coletiva), uma aliança militar liderada pela Rússia que engloba sete ex-Estados soviéticos e foi criada em 2002. O Tadjiquistão faz parte do acordo.

Na defensiva

Embora o Taleban tenha afirmado que não pretende agir contra o Tadjiquistão, o exército do país está mobilizado para evitar surpresas. Do lado afegão da fronteira, a história é outra.

“Os insurgentes agora controlam mais da metade dos centros distritais do Afeganistão”, disse em 21 de julho o general americano Mark Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto. A saída das tropas dos EUA e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) deve ser concluída em 31 de agosto, embora a data simbólica estabelecida por Washington seja 11 de setembro. Na prática, as tropas estrangeiras não atuam no país desde o início de julho.

Reagindo ao comentário, o Ministério da Defesa afegão disse à RFE que “os esforços estão em andamento com base em um plano específico para trazer os distritos perdidos de volta ao controle das forças afegãs”.

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