Estado Islâmico assume autoria da ação que matou líder de milícia curda na Síria

Adham Dabash al-Abes comandava as Forças Democráticas Sírias (FDS), rivais do EI no país durante a guerra civil que começou há mais de dez anos

O Estado Islâmico (EI) assumiu a autoria do ataque que matou Adham Dabash al-Abes, líder das Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança de milícias encabeçada pelos curdos e apoiada pelos EUA que combate o grupo extremista na Síria. O comandante foi morto na cidade de Dhiban, a leste de Deir ez-Zor, no leste do país, segundo o site Middle East Monitor (MEMO).

A morte de al-Abes, anunciada pela própria FDS na segunda-feira (27), ocorreu em uma ação que vitimou também um soldado que fazia a escolta do líder. A milícia, porém, não deu maiores detalhes sobre o caso.

Posteriormente, o EI assumiu a autoria da ação, dizendo ter atacado o carro onde al-Abes viajava na companhia de dois soldados. Além do combatente morto, um terceiro indivíduo que fazia a escolta do comandante teria ficado ferido.

O grupo jihadista também assumiu a responsabilidade pelo sequestro e posterior assassinato de um membro não identificado das FDS na cidade de Hajin. Também teria sido de responsabilidade do EI o ataque a uma base da milícia curda na cidade de Dhiban, ação que deixou combatentes feridos e danificou material militar.

Destroços deixados por bombardeio em Idlib, Síria, em setembro de 2019 (Foto: UN Photo/Omar Haj Kadour)

Por que isso importa?

A guerra civil na Síria teve início em 2011, após protestos populares por democracia que visavam a derrubar o presidente de Bashar Al-Assad. Desde então, o líder sírio conta com o suporte de Rússia e Irã, que o tratam como governante legítimo do país. Já a oposição tem na Turquia seu maior aliado, embora diversos governos ocidentais tenham apoiado os oposicionistas em momentos diversos do conflito.

Desde que a guerra teve início, há mais de dez anos, a oposição local e os líderes ocidentais exigem a saída de Assad, a quem acusam de crimes contra a humanidade, além de inúmeras irregularidades administrativas. Apoiadores de Assad, por outro lado, criticam o que consideram uma interferência de Washington com o intuito de derrubar o presidente.

Mais de 590 mil pessoas morreram durante a guerra, que varreu a nação e deslocou mais da metade da população, que era de 23 milhões de pessoas. Cerca de 13 milhões são dependentes de ajuda humanitária no país atualmente, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas).

Inicialmente, EI aproveitou o conflito para crescer no país, o que não durou muito tempo. Nos últimos anos, o grupo extremista se enfraqueceu financeira e militarmente, não apenas na Síria como em todo o mundo.

As FDS, apoiadas pelos EUA, têm a maior parcela de responsabilidade pela derrota do EI na Síria, tendo anunciado em 2019 o fim do “califado” criado pelos extremistas no país. O mesmo fez o exército iraquiano, que anunciou ter derrotado a organização no Iraque em 2014, com a retomada de todos os territórios que ela dominava.

De acordo com um relatório do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), publicado em julho deste ano, a prioridade do EI atualmente é “o reagrupamento e a tentativa de ressurgir” em seus dois principais domínios, justamente Iraque e Síria, onde atualmente mantêm células adormecidas que lançam ataques esporádicos.

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