‘Guerra ao Terror’ dos EUA tirou ao menos 37 milhões de suas casas, aponta estudo

Estudo da Universidade Brown (EUA) avalia impacto das guerras pós-11 de setembro em países da Ásia e Oriente Médio

Ao menos 37 milhões de pessoas foram forçadas a deixar suas casas por consequência da chamada Guerra ao Terror após 11 de setembro de 2001, apontou o estudo “Custos da Guerra“, da Universidade Brown, nos EUA, divulgado nesta terça (8).

Desde 1900, apenas a Segunda Guerra gerou um número maior de deslocados. Trata-se de uma perspectiva “conservadora”, apontam os pesquisadores. Cifras mais pessimistas indicam cenário onde 59 milhões se deslocaram.

É o primeiro levantamento do número total de refugiados gerados pela Guerra ao Terror, sequência de conflitos pós-11 de setembro, desde seu início há quase 20 anos.

'Guerra ao Terror' dos EUA tirou ao menos 37 milhões de suas casas, aponta estudo
Família anda pelas ruas com pouca infraestrutura no Afeganistão (Foto: Fraidoon Poya/UNAMA)

Os pesquisadores contabilizaram os deslocados em países envolvidos diretamente ou não nas guerras, como Afeganistão, Paquistão, Iraque, Iêmen, Síria, Líbia, Somália e Filipinas.

No total, são 5,3 milhões de afegãos e 3,7 milhões de paquistaneses desde 2001. Entre os iraquianos, contabilizados a partir de 2003, são 9,2 milhões. O número inclui aqueles que cruzaram fronteiras nacionais como refugiados e pessoas que se deslocaram dentro de seus países.

O número não inclui nações que também testemunharam políticas de contraterrorismo de menor porte por parte dos EUA. Entre eles estão os africanos Mali, República Democrática do Congo, Camarões, Burkina Faso, Chade, República Centro-Africana e Níger.

O objetivo da pesquisa foi identificar em quais países a guerra empreendida pelos EUA teve “papel dominante ou contribuiu” para conflitos locais.

Os pesquisadores usaram bases da Acnur (Agência das Nações Unidas para Refugiados) e outras organizações que compilam dados sobre refugiados e deslocados internos.

Entre os motivos para o deslocamento estão bombardeios aéreos e por drones, políticas locais de limpeza étnica, crises econômicas e colapso na infraestrutura de saúde e bem-estar, por exemplo.

Desde 2017, os EUA também passaram a aceitar um número cada vez menor de refugiados desses países, apontou o jornal “The New York Times”.

A queda foi de 91% entre os iraquianos e 95% entre somalis, na comparação com as entradas em 2016, último ano do governo de Barack Obama.

A chamada Guerra ao Terror, iniciada na sequência dos atentados de 11 de setembro nos EUA, começou com a invasão do Afeganistão em 7 de outubro de 2001 pelo governo do então presidente George W. Bush.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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