Hamas afirma não estar em poder dos 40 reféns necessários para cumprir acordo de paz

Alegação do grupo radical indica que o número de vítimas em cativeiro possa ser maior do que se pensava anteriormente

O grupo terrorista Hamas alega enfrentar dificuldades para cumprir a exigência de libertar 40 reféns vivos como parte do acordo de troca de prisioneiros com Israel, indicam relatórios israelenses. A situação aumenta os receios de que o número de vítimas em cativeiro possa ser maior do que se pensava anteriormente. As informações são da rede CNN.

Segundo o Estado judeu, mais de seis meses após o início do conflito, 133 reféns ainda estão retidos em Gaza, e há suspeitas de que dezenas deles tenham perdido a vida.

Há uma estrutura estabelecida pelos negociadores, que envolve a CIA (inteligência dos EUA), o Egito e o Catar, que visa trocar reféns israelenses por prisioneiros palestinos em três fases, além de uma trégua em Gaza para permitir a entrada de mais ajuda humanitária. A primeira etapa propõe a libertação de 40 pessoas detidas pelo Hamas, abrangendo mulheres, homens com mais de 50 anos e prisioneiros com problemas de saúde.

Cartazes de pessoas feitas reféns pelo Hamas no ataque de 7 de outubro de 2023 exibidos em uma ponte para pedestres na cidade de Ramat Gan, em Israel (Foto: WikiCommons)

No entanto, na noite de segunda-feira (8), a emissora Channel 12 News, de Israel, informou que mediadores afirmaram que o Hamas não tinha capacidade para liberar 40 reféns como parte do acordo humanitário, insistindo em números menores do que os desejados por Israel.

O portal de notícias israelense Walla News relatou a mesma informação, citando autoridades israelenses. De acordo com o veículo, durante as últimas semanas de negociações, o Hamas afirmou que não possui 40 reféns vivos que correspondam a esses critérios para libertação. Israel solicitou a inclusão de um número menor de homens em idade de lutar para compensar o déficit de 40.

Durante os meses de discussões após o último período de trégua, o Estado judeu tem solicitado insistentemente uma lista dos reféns e suas condições. Enquanto isso, o Hamas argumentou que precisa de uma pausa nas hostilidades para poder localizar e reunir os reféns, repetindo o mesmo pedido feito em novembro, antes de uma breve pausa que foi interrompida quando os terroristas não conseguiram entregar mais prisioneiros.

Acredita-se que a maioria dos quase 100 reféns ainda em cativeiro sejam soldados masculinos das Forças de Defesa de Israel (IDF, da sigla em inglês) ou homens em idade de reservistas militares. Existe a expectativa de que o Hamas tente usar esses reféns em fases posteriores para negociar concessões mais significativas, como a libertação de prisioneiros de alto escalão e um cessar permanente das hostilidades.

Situação desconhecida

Ouvido pelo The i News, Gershon Baskin, um veterano negociador israelense envolvido em acordos anteriores para garantir a libertação de reféns mantidos pelo Hamas, manifestou preocupação quanto ao número real de mortes que podem ter ocorrido, possivelmente ultrapassando os números anteriormente reconhecidos.

“Não temos absolutamente nenhuma ideia sobre as condições enfrentadas pelos reféns”, disse. “O que ouvimos são relatos horríveis dos que conseguiram retornar. Há reféns doentes e idosos, aqueles que necessitam de medicamentos para simplesmente sobreviver. As chances deles são bastante sombrias. Acreditamos que estão em túneis úmidos e frios, com níveis de oxigênio muito baixos.”

Segundo Baskin, além disso, os reféns que estavam em casas podem agora estar sob os escombros resultantes dos ataques aéreos israelenses.

O Hamas, por sua vez, afirmou que não possui informações precisas sobre a localização de todos os reféns em Gaza, já que alguns podem estar sob o controle de outros grupos militantes.

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