Hamas rejeita novas negociações após anúncio de ofensiva total israelense em Gaza

Grupo afirma que não haverá acordo sob 'guerra de fome', enquanto número de mortos ultrapassa 52 mil no território palestino

O grupo Hamas afirmou nesta terça-feira (6) que não vê “nenhum sentido” em continuar as negociações para um novo cessar-fogo na Faixa de Gaza, após Israel aprovar uma ofensiva militar ampliada que poderá incluir a ocupação integral e indefinida do território palestino. A declaração foi feita por Bassem Naim, alto representante político do grupo, à BBC.

Naim afirmou que a milícia islâmica não aceitará discutir novas propostas enquanto persistir o que chamou de “guerra de fome” conduzida por Israel. As declarações vêm um dia após as Forças de Defesa de Israel anunciarem que o objetivo da operação militar em larga escala é recuperar os reféns ainda mantidos em Gaza e garantir a “derrota decisiva” do Hamas.

Autoridades israelenses disseram que a ofensiva incluirá a captura de Gaza, o deslocamento da maior parte da população local e o controle direto sobre a entrada de ajuda humanitária. O bloqueio total de alimentos, medicamentos e outros suprimentos, imposto desde 2 de março, já provocou escassez grave, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).

Soldados das Forças de Defesa de israel avançam sobre os escombros de Gaza (Foto: WikiCommons)

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que a ampliação das operações terrestres israelenses e uma ocupação prolongada resultarão “inevitavelmente em mais civis mortos e na destruição contínua de Gaza”. A ofensiva, no entanto, não deve começar antes da visita do presidente dos EUA, Donald Trump, à região na próxima semana, o que, segundo Israel, abriria uma “janela de oportunidade” para um possível acordo.

Em Washington, Trump prometeu ajuda alimentar à população palestina, embora sem detalhar o plano. “As pessoas estão passando fome e vamos ajudá-las a conseguir comida. Muita gente está tornando a situação muito, muito ruim”, afirmou. “O Hamas está tornando tudo impossível porque estão pegando tudo que é levado para lá.”

Enquanto isso, organizações humanitárias alertam que, sem mudanças imediatas, a fome em massa se tornará inevitável. As agências também rejeitaram a proposta israelense de distribuição de ajuda por meio de empresas privadas em centros militares, classificando a medida como violação dos princípios humanitários básicos.

Desde o ataque de 7 de outubro de 2023, quando 1,2 mil pessoas foram mortas e 251 feitas reféns por militantes do Hamas, a resposta militar de Israel já deixou ao menos 52.567 mortos em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde controlado pelo grupo. Desses, 2.459 morreram desde a retomada da ofensiva, há duas semanas.

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