Irã aprova suspensão de cooperação com agência nuclear da ONU após ataques de Israel e EUA

Parlamento iraniano vota por unanimidade a paralisação de colaboração com a AIEA; decisão ainda depende de instâncias superiores

Em resposta direta aos ataques recentes de Israel e dos EUA a instalações nucleares em seu território, o Parlamento do Irã aprovou por unanimidade a suspensão da cooperação do país com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A votação foi realizada nesta terça-feira (25), e a proposta segue agora para avaliação do Conselho dos Guardiães. A decisão final caberá ao Conselho Supremo de Segurança Nacional. As informações são da rede Radio Free Europe (RFE).

A medida foi aprovada por 221 votos e reflete a reação do governo iraniano ao conflito de 12 dias com Israel, iniciado em 13 de junho e encerrado com um cessar-fogo frágil mediado por Washington na terça (24). O bombardeio israelense atingiu não apenas alvos militares e nucleares, mas também áreas residenciais, provocando dezenas de mortes civis. Quatro dias antes do fim do conflito, os EUA também atacaram instalações nucleares em Fordow, Natanz e Isfahan.

Sede da AIEA em Viena, na Áustria (Foto: Wikimedia Commons)

Segundo o texto aprovado pelos parlamentares, “considerando a violação da soberania nacional e da integridade territorial da República Islâmica do Irã pelo regime sionista e pelos Estados Unidos da América contra as instalações nucleares pacíficas do país, e a ameaça aos interesses supremos da República Islâmica do Irã, o governo está obrigado, imediatamente após a ratificação desta lei, a suspender toda cooperação com a AIEA sob o Tratado de Não Proliferação Nuclear [TNP] e seus dispositivos de salvaguarda”.

A proposta determina ainda que o fim da suspensão só ocorrerá mediante garantias de segurança às instalações e aos cientistas nucleares iranianos, bem como o reconhecimento do direito do país de enriquecer urânio em território nacional. Com isso, o Irã deixaria de submeter seu programa a inspeções internacionais, o que agrava as tensões com potências ocidentais e aumenta o temor de avanços secretos em direção ao desenvolvimento de armas atômicas, possibilidade que Teerã nega.

O presidente do Parlamento, Mohammad Baqer Qalibaf, acusou a AIEA de omissão diante dos ataques. “A Organização de Energia Atômica do Irã suspenderá sua cooperação com a agência até que a segurança das instalações nucleares seja garantida, e o programa nuclear pacífico do Irã avançará em um ritmo mais rápido”, afirmou. Ele também criticou o órgão por não ter “nem sequer fingido condenar os ataques contra as instalações nucleares do Irã”, acusando-o de “vender sua credibilidade internacional”.

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