Irã reage a infiltração do Mossad no país com onda de prisões e apelo a civis por delações

Após ataques de Israel, regime executa suspeito de espionagem e reforça vigilância com patrulhas e cartazes em áreas residenciais

O governo do Irã iniciou uma onda de prisões em todo o país após os ataques conduzidos por Israel na última sexta-feira (13), que, segundo autoridades israelenses, contaram com a participação de agentes infiltrados no território iraniano. Desde então, cerca de 30 pessoas foram detidas em Teerã sob acusação de espionagem, e um homem, preso por esse mesmo crime dois anos atrás, foi enforcado, em um ato interpretado como recado a possíveis colaboradores. As informações são da CNN.

Além da capital, dezenas de pessoas foram presas em outras regiões por publicarem conteúdos considerados favoráveis a Israel, o que, de acordo com o regime, representaria uma ameaça à “segurança psicológica da sociedade”. Em Isfahan, onde Israel afirma ter atingido uma instalação nuclear, 60 pessoas foram detidas com base nessas alegações.

Prédio do Mossad em Tel Aviv (Foto: WikiCommons)

A ofensiva interna acontece enquanto se multiplicam os sinais de paranoia dentro do governo iraniano. Segundo Teerã, agentes do Mossad conseguiram entrar no país com armamentos de alta precisão e estabeleceram uma base para lançar drones explosivos contra alvos militares, como lançadores de mísseis e sistemas de defesa aérea. A operação teria aberto caminho para ataques aéreos israelenses realizados com cerca de 200 aeronaves.

Em resposta, o Ministério da Inteligência iraniano passou a convocar a população a denunciar atividades suspeitas. Campanhas públicas alertam para sinais como o uso de máscaras, bonés e óculos escuros mesmo à noite, ruídos metálicos vindos de casas com cortinas sempre fechadas e entregas frequentes por motoboys. Um cartaz divulgado pela rede de mídia Nour News, ligada aos serviços de segurança, orienta que qualquer comportamento incomum seja relatado às autoridades.

A força paramilitar Basij, subordinada à Guarda Revolucionária Islâmica, foi mobilizada para patrulhas noturnas. Segundo a imprensa estatal, o objetivo é reforçar a vigilância e evitar novos episódios de infiltração. Jornalistas disseram à CNN que estão proibidos de fotografar em espaços públicos.

Em pronunciamento em vídeo, o chefe da polícia iraniana, Ahmad-Reza Radan, apelou para que “traidores” se entreguem voluntariamente. “Aqueles que perceberem que foram enganados pelo inimigo talvez sejam honrados pelo Irã”, declarou. “Mas os que forem capturados receberão a lição que o inimigo sionista está recebendo agora.” O chefe do Judiciário, Gholam-Hossein Mohseni-Eje’i, defendeu punições rápidas: “Esse tipo de caso, em condições quase de guerra, precisa ser julgado e punido com agilidade.”

Em meio à repressão, a mídia estatal exibiu imagens de equipamentos supostamente utilizados na operação israelense, apreendidos na cidade de Rey, próxima a Teerã. Entre os materiais estariam drones suicidas, explosivos, lançadores e peças usadas na montagem de armamentos.

Tags: