A Mossad, a agência de inteligência israelense, contratou agentes de segurança iranianos para colocar explosivos em três salas distintas de um prédio onde Ismail Haniyeh estava hospedado, de acordo com o The Telegraph. A bomba que matou o líder político do grupo palestino na última quarta-feira (31) em Teerã, capital do Irã, havia sido plantada secretamente no local do ataque dois meses antes da visita do alvo.
A reportagem ouviu dois oficiais iranianos do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC, na sigla em inglês), que relataram que o plano original era matar Haniyeh durante sua visita a Teerã em maio para o funeral do falecido presidente iraniano Ebrahim Raisi, que morreu em um acidente de helicóptero. A operação foi supostamente cancelada devido ao grande número de pessoas no local e ao alto risco de falha.
Em vez disso, segundo o jornal britânico, os agentes, ligados à unidade de segurança Ansar al-Mahdi – uma força encarregada da proteção de altos funcionários e líderes importantes no Irã –, avançaram com o plano e colocaram explosivos em três salas distintas do complexo antes de deixar a República Islâmica. As fontes citadas na reportagem disseram que as imagens de vigilância mostram os agentes se movendo discretamente de sala em sala e que as bombas seriam detonadas remotamente.
Os oficiais do IRGC confirmaram que o Mossad contratou agentes da unidade de segurança Ansar al-Mahdi para o ataque. Eles consideram a falha de segurança uma grande humilhação para o Irã, especialmente porque o IRGC administra a casa de hóspedes em que Haniyeh e outras autoridades estavam hospedadas.
Um dos oficiais ouvido se disse surpreso com como o ataque aconteceu e acredita que pode haver questões não reveladas na hierarquia. Ele também observou que uma equipe está tentando apresentar o ataque como uma violação de segurança menos grave.
Tanto as autoridades iranianas quanto o Hamas alegaram que Haniyeh foi morto por um míssil lançado do ar, possivelmente de fora do país. No entanto, ao ser questionado sobre o assassinato na quinta-feira, o porta-voz da IDF, contra-almirante Daniel Hagari, afirmou que os militares israelenses não realizaram nenhum ataque aéreo durante a noite de terça para quarta-feira, além da operação que resultou na morte do chefe militar do Hezbollah, Fuad Shukr, em Beirute.
Hagari ainda afirmou ao The Telegraph que, para o líder supremo iraniano Ali Khamenei, resolver a violação de segurança era mais importante do que buscar vingança, embora ele tenha ordenado um ataque direto a Israel poucas horas após a explosão.
Segundo matéria do New York Times publicada no sábado (3), o Irã prendeu pelo mais de 20 pessoas suspeitas de envolvimento na morte de Haniyeh. A notícia, baseada em informações de dois iranianos familiarizados com a investigação, revela que entre os detidos estão altos oficiais da inteligência iraniana, militares e funcionários da casa de hóspedes administrada pelo IRGC.
O Telegraph sugeriu que o assassinato foi intencionalmente marcado para coincidir com a cerimônia de posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, que Haniyeh estava em Teerã para assistir. O objetivo seria prejudicar a imagem do novo presidente.