Israel e Hamas avançam em negociações por cessar-fogo após 14 meses de conflito

Expectativa por fim da violência cresce enquanto acordo mediado por EUA, Egito e Catar é negociado; troca de reféns e aumento da ajuda humanitária estão em pauta.

Após meses de impasse, Israel e Hamas estão mais próximos de alcançar um cessar-fogo para encerrar o conflito que já dura 14 meses. De acordo com autoridades envolvidas, os avanços recentes nas negociações foram impulsionados por esforços de mediação liderados pelos Estados Unidos, Egito e Catar. As informações são da agência agência Associated Press (AP).

Representantes do Hamas sinalizaram maior “flexibilidade” em relação à retirada das tropas israelenses de Gaza, enquanto o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, declarou na segunda-feira (16) que o acordo “está mais próximo do que nunca”. Apesar do otimismo, pontos cruciais ainda precisam ser resolvidos, alertam os negociadores.

O cenário atual reflete mudanças significativas no equilíbrio de poder, já que Israel impôs perdas consideráveis ao Hamas ao longo do conflito. Além disso, o grupo se encontra isolado após o cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah e enfrenta dificuldades diante do enfraquecimento de seu principal aliado, o Irã, que lida com a perda de influência regional.

Nos Estados Unidos, tanto o governo do presidente Joe Biden quanto o presidente eleito Donald Trump demonstraram interesse em concluir o acordo antes da posse, marcada para 20 de janeiro.

Veículos blindados das IDF operando perto da fronteira de Gaza (Foto: Israel Defense Forces/Flickr)
Principais pontos do acordo

Fontes ligadas às negociações revelaram que o acordo será implementado em fases. A primeira etapa incluiria a libertação de cerca de 30 reféns pelo Hamas, dentre eles cidadãos com dupla nacionalidade dos EUA e Israel. Em contrapartida, Israel liberaria centenas de prisioneiros palestinos.

“Esse é um passo importante para aliviar o sofrimento de ambos os lados”, disse uma autoridade egípcia envolvida nas tratativas, que preferiu não se identificar.

Além disso, o plano prevê um aumento expressivo na ajuda humanitária à Faixa de Gaza, onde 90% da população de 2,3 milhões de pessoas foi deslocada devido ao conflito. A abertura da passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, também está em discussão. Essa medida possibilitaria o retorno a um acordo de 2005, quando a Autoridade Palestina, com apoio de observadores da União Europeia (UE), controlava o local.

Retirada de tropas e fase final

Outro ponto central é a retirada gradual das tropas israelenses de áreas densamente povoadas, permitindo que muitos palestinos comecem a voltar para suas casas. No entanto, as forças israelenses permaneceriam em locais estratégicos, como o corredor Filadélfia, na fronteira entre Gaza e Egito, durante esta fase inicial.

O cessar-fogo provisório abriria caminho para negociações sobre um acordo definitivo. Essa etapa incluiria a retirada total das tropas israelenses, a libertação dos reféns e corpos ainda em poder do Hamas, além de discussões sobre a reconstrução de Gaza e a definição de quem governará o território.

“Estamos comprometidos com um futuro de paz, mas há muito trabalho pela frente”, afirmou um mediador do Catar.

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