Mais de cem afegãos sofreram punições bárbaras como açoitamento e execução pública, diz ONU

Homens e mulheres foram punidos pelo Taleban por crimes como furto, roubo, comportamento inadequado e relações fora do casamento

Um grupo de dez especialistas em direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) pediu ao Afeganistão que acabe com uma série de açoitamentos e execuções retomados no país desde que o Taleban reassumiu o poder, em agosto de 2021. Mais de cem pessoas foram alvo dessas prática após serem acusadas de vários delitos.

As autoridades do Afeganistão puniram homens e mulheres em quatro províncias e na capital Cabul. Cada um recebeu de 20 a cem chibatadas após serem acusados de furto ou roubo, comportamento social inadequado e de manter relações fora do casamento. Nesse caso, a maioria das punições foi contra meninas e mulheres.

No comunicado, os relatores de direitos humanos da ONU lembram que os açoitamentos ocorreram em estádios na presença de funcionários afegãos e do público.

Em 7 de dezembro, o Taleban também executou um homem na cidade de Farah, no que parece ser a primeira aplicação da pena de morte desde agosto de 2021. E, nesse episódio, estavam presentes o vice-primeiro-ministro do país e o chefe da Justiça afegã.

Integrantes do Taleban no Afeganistão (Foto: Wikimedia Commons)

As sentenças de morte e açoitamentos começaram após o líder supremo do Afeganistão autorizar o Judiciário a implementar punições pelos chamados crimes contra Deus, conhecidos como hudod.

Os relatores da ONU lembraram que açoitamentos e execuções públicas violam os princípios universais que proíbem tortura, castigos e tratamento degradante, cruel e desumano, sendo que o Afeganistão firmou a Convenção Internacional sobre os Direitos Políticos e Civis e participa da Convenção sobre Tortura.

No comunicado, o grupo também levanta dúvidas sobre a justiça dos julgamentos que antecederam as sentenças.

A lei internacional de direitos humanos proíbe a implementação dessas medidas cruéis especialmente da pena de morte como resultado de julgamentos que, aparentemente, não ofereceram as garantias de um processo justo.

Os relatores da ONU pediram às autoridades do Afeganistão que estabeleçam, de imediato, uma moratória da pena de morte, proíbam açoitamentos e outras formas de punição física e que garantam julgamentos justos com base em padrões internacionais.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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