O Centro de Direitos Humanos no Irã (CHRI, da sigla em inglês) denunciou que pelo menos 11 crianças foram presas sem acusação formal nos últimos 14 dias, algumas com apenas 15 anos de idade, em províncias como Curdistão, Sistão e Baluchistão.
Segundo a ONG, as detenções foram realizadas de forma violenta por forças de segurança, sem mandado judicial, e os menores permanecem incomunicáveis em locais não revelados. As famílias não receberam nenhuma informação sobre o paradeiro ou a condição de seus filhos, o que caracteriza desaparecimento forçado de acordo com o direito internacional.

As investigações do CHRI indicam que muitas das prisões ocorreram após invasões a residências durante a madrugada. Em vários casos, os adolescentes foram levados diante de familiares que não tiveram sequer a quem recorrer para obter notícias.
“Deter crianças sem acusação, mantê-las incomunicáveis e negar-lhes acesso às famílias e advogados não é aplicação da lei. É sequestro”, afirmou Bahar Ghandehari, diretor jurídico da ONG, acrescentando que esses casos devem ser tratados como crimes que exigem ação global urgente.
A maioria das prisões ocorreu no Curdistão, onde pelo menos nove adolescentes entre 15 e 17 anos foram detidos em cidades como Kamyaran e Oshnavieh. Alguns deles possuem condições médicas pré-existentes, como diabetes, o que agrava o risco de saúde diante da falta de acesso a medicamentos e do perigo de tortura ou maus-tratos. Situações semelhantes foram registradas no Sistão e no Baluchistão, onde dois jovens de 17 anos foram presos sem mandado judicial em meio a uma atmosfera fortemente militarizada. Essas ações coincidem com a proximidade do aniversário da chamada Sexta-Feira Sangrenta de Zahedan, quando mais de cem cidadãos foram mortos por forças do regime durante protestos em 2022.
O CHRI alerta que o número real de menores detidos pode ser ainda maior, já que as autoridades iranianas ocultam deliberadamente informações sobre essas prisões. A ONG também denuncia que o Irã continua a violar sistematicamente os direitos da infância, executando infratores juvenis, utilizando força letal contra menores em protestos pacíficos e mantendo adolescentes em prisões para adultos. Segundo a organização, tais práticas violam tratados internacionais como a Convenção sobre os Direitos da Criança e a Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra os Desaparecimentos Forçados.
Diante desse cenário, o CHRI pede que a ONU, a Unicef e governos de todo o mundo condenem publicamente as detenções ilegais, exijam a divulgação imediata do paradeiro dos jovens e pressionem pela libertação dos detidos. A ONG também solicita a abertura de investigações urgentes e sanções direcionadas a autoridades judiciais e de inteligência envolvidas nos casos.