Palestinos morrem em novos ataques israelenses mesmo após acordo de paz

Ataque atinge moradores que inspecionavam casas dias após cessar-fogo frágil. Trump havia declarado o fim da guerra de dois anos no enclave palestino

Vários palestinos foram mortos nesta terça-feira (14) no norte da Faixa de Gaza, após ataques israelenses. O episódio ocorre apenas um dia depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar o fim da guerra de dois anos entre Israel e o Hamas, durante visita relâmpago ao Oriente Médio. As informações são do Financial Times.

A agência de notícias palestina Wafa informou que seis pessoas morreram quando drones israelenses abriram fogo contra moradores que inspecionavam suas casas no bairro de Shuja’iyyah, a leste de Gaza.

O Exército israelense afirmou que as tropas reagiram após “vários palestinos” se aproximarem da chamada linha amarela, área para onde as forças israelenses haviam recuado como parte do acordo de paz proposto por Trump. O grupo negou relatos de tentativa de infiltração em um posto militar.

Palestino no alto de escombros em Gaza (Foto: WikiCommons)
Quase 70 mil mortos

O conflito de dois anos resultou em quase 68 mil palestinos e 2 mil israelenses mortos, além de devastar a infraestrutura de Gaza, gerando uma das piores crises humanitárias da história recente da região.

O cessar-fogo frágil, firmado há quatro dias, permitiu uma primeira troca de reféns e prisioneiros, etapa inicial do plano de paz apresentado por Trump.

“Um novo Oriente Médio”

Durante discurso no parlamento israelense e em uma cúpula no Egito, Trump celebrou o que chamou de um “amanhecer histórico de um novo Oriente Médio”, afirmando acreditar no “início de uma grande concórdia e harmonia duradoura” entre Israel e seus vizinhos.

A troca de prisioneiros começou sem incidentes: o Hamas libertou 20 reféns vivos, enquanto Israel libertou 2 mil palestinos, entre eles 250 condenados à prisão perpétua e mais de 1.700 moradores de Gaza detidos sem acusação formal.

Hamas é acusado de violar acordo

Mais tarde, o grupo que representa as famílias dos reféns israelenses acusou o Hamas de violar o acordo, após o grupo anunciar que entregaria inicialmente apenas quatro corpos dos 28 reféns mortos durante ou após o ataque de 7 de outubro de 2023, que marcou o início da guerra.

O Exército israelense confirmou a identificação dos corpos de Guy Illuz (israelense) e Bipin Joshi (nepalês), além de dois outros ainda não identificados. Segundo o relatório militar, Illuz morreu devido a ferimentos sem receber tratamento médico, enquanto Joshi, estudante de agricultura em Israel, teria sido assassinado em cativeiro nos primeiros estágios do conflito.

Busca pelos corpos continua

As Forças de Defesa de Israel (IDF, da sigla em inglês) afirmaram que o Hamas tem obrigação de devolver todos os reféns e garantir sepultamentos dignos.

Autoridades israelenses, no entanto, reconhecem que a recuperação dos corpos pode demorar, já que muitos podem estar sob os escombros ou em áreas fora do controle do grupo militante. Uma força-tarefa internacional deve auxiliar nas buscas.

Situação humanitária em Gaza

Com boa parte da Faixa de Gaza reduzida a ruínas, a população enfrenta escassez de alimentos, energia e atendimento médico. Organizações humanitárias alertam para o risco de fome em larga escala e colapso sanitário caso a ajuda internacional não seja intensificada.

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