Peregrinação a Meca em 2020 tem tapetes individuais e quarentena

Apenas 10 mil sauditas puderam entrar em Meca neste ano, ou 0,4% do número de visitantes em tempos pré-pandemia

Em meio a mais de 270 mil casos de Covid-19 e pouco mais de 2,8 mil mortes, a Arábia Saudita determinou medidas de segurança para os cinco dias de peregrinação à cidade de Meca duante o Hajj, evento islâmico que começou nesta terça (28).

A principal definição foi a redução da entrada de muçulmanos na cidade sagrada: apenas 10 mil sauditas foram autorizados a permanecer no local. No ano passado, a peregrinação envolveu mais de 2,5 milhões de pessoas de todo o mundo.

Em anos anteriores, a cidade sagrada de Meca costumava receber milhões de peregrinos (Foto: Creative Commons/Ali Mansuri)

Logo ao chegarem na cidade, todos os peregrinos passaram pela testagem do coronavírus e higienização de bagagens. Todos deverão entrar em quarentena assim que encerrada a celebração.

Tocar ou beijar a Caaba, construção em formato de cubo considerada sagrada para os muçulmanos, está proibido. Os peregrinos devem conservar 1,5 metro de distanciamento durante as orações e na circulação.

Tapetes individuais e pedras esterilizadas

O tradicional ritual de ‘Apedrejamento do Diabo’ – momento em que os muçulmanos atingem um pilar em Mina – terá pedras esterilizadas entregues pela organização. Também há equipamentos individuais como desinfetantes, máscaras, tapete de oração e ‘ihram’ – roupa branca sem costura. Pulseiras eletrônicas foram dadas aos fiéis para que as autoridades monitorem o seu paradeiro.

Peregrinação a Meca em 2020 tem tapetes individuais e quarentena
Peregrinos reúnem-se ao redor da Caaba. Neste ano, é proibido beijar ou tocar a construção sagrada (Foto: Needpix/Konevi)

Equipes de saúde, clínicas móveis e ambulâncias estão disponíveis para atender aos peregrinos. A imprensa internacional também está proibida de fazer a cobertura do encontro.

De acordo com Khalid bin Qarar Al-Harbi, diretor de segurança pública da Arábia Saudita, a proteção dos peregrinos é o foco neste ano. “Não existem preocupações relacionadas à segurança, mas reduzir o tamanho é proteger os peregrinos da pandemia”, disse.

Para evitar peregrinação irregular, países como Indonésia, Malásia, Senegal e Singapura proibiram a saída dos cidadãos para Meca durante o período.

Impactos econômicos

As restrições no Hajj deste ano interfere na economia do reino. Estima-se que, sem coronavírus, os peregrinos contribuam por ano com US$ 12 bilhões no PIB (produto interno bruto) da Arábia Saudita.

Somada à redução nos preços de petróleo, a consequência é a instituição de medidas econômicas mais austeras. Entre elas, a triplicação dos impostos sobre valores agregados e cortes nos subsídios dos funcionários públicos.

Essa é a primeira vez em 90 anos que estrangeiros são impedidos de visitar Meca. Antes da instauração do Reino da Arábia Saudita, em 1932, a medida já tinha sido adotada durante guerras e epidemias ao longo da história.

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