A Rússia considera realizar uma cúpula entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, na Arábia Saudita ou nos Emirados Árabes Unidos, segundo fontes com conhecimento das discussões ouvidas pela agência Reuters.
Trump já declarou que pretende encerrar a guerra na Ucrânia “o mais rápido possível” e afirmou estar disposto a se reunir com Putin. O líder russo, por sua vez, parabenizou Trump por sua eleição e expressou interesse em um encontro para discutir questões como o conflito e a cooperação energética.
Até o momento, o Kremlin nega contatos diretos com os EUA para organizar uma ligação telefônica entre os dois líderes, que precederia um eventual encontro ainda neste ano. No entanto, altos funcionários russos visitaram recentemente a Arábia Saudita e os Emirados Árabes, segundo as fontes, que pediram anonimato devido à sensibilidade das negociações.

Dentro da Rússia, há resistência à proposta, principalmente entre diplomatas e membros da inteligência, que alertam para os laços militares e de segurança dos países do Golfo com os Estados Unidos.
Nem a Arábia Saudita nem os Emirados Árabes responderam aos pedidos de comentário, e o Kremlin também evitou se pronunciar. No entanto, Trump e Putin mantêm boas relações com os líderes das duas nações, o que pode facilitar a escolha de um dos países como sede da cúpula.
O príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, foi o primeiro chefe de Estado estrangeiro a receber um telefonema de Trump após sua posse. Em um discurso no Fórum Econômico Mundial de Davos, o ex-presidente descreveu bin Salman como “um cara fantástico”.
Putin também mantém proximidade com o príncipe saudita e visitou a Arábia Saudita e os Emirados em 2023. O presidente russo já agradeceu publicamente a bin Salman por ajudar a organizar a maior troca de prisioneiros entre Rússia e Estados Unidos desde a Guerra Fria.
Além disso, o relacionamento entre Putin e bin Salman tem sido estratégico para as políticas energéticas, especialmente no âmbito da Opep+, grupo de países exportadores de petróleo que influencia os preços globais da commodity.
Tanto a Arábia Saudita quanto os Emirados Árabes adotaram uma posição de neutralidade na guerra na Ucrânia. Apesar de manterem contato regular com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, os dois países não aderiram às sanções ocidentais contra a Rússia.
O presidente dos Emirados Árabes, Mohammed bin Zayed Al Nahyan, visitou Moscou várias vezes desde o início do conflito e se ofereceu para mediar negociações de paz. O país também teve papel ativo na intermediação de trocas de prisioneiros entre Rússia e Ucrânia.