A União Europeia (UE) elevou o tom contra a atuação de Israel em Gaza, ao afirmar que os recentes ataques “vão além do necessário para combater o Hamas”. A declaração foi feita pela chefe da diplomacia do bloco, Kaja Kallas, enquanto o número de mortos na região ultrapassa 54 mil desde o início da ofensiva militar israelense, em resposta ao ataque de 7 de outubro de 2023. As informações são da rede BBC.
Kallas também criticou diretamente o novo sistema de distribuição de ajuda humanitária, implementado com apoio de Israel e dos Estados Unidos, que ignora agências da ONU e organizações humanitárias tradicionais. “Não apoiamos a privatização da distribuição de ajuda humanitária. A ajuda humanitária não pode ser transformada em arma”, afirmou.

O modelo paralelo é operado pela Gaza Humanitarian Foundation (GHF), uma organização controversa que utiliza contratados de segurança dos EUA para distribuir alimentos e medicamentos. Washington e o Estado Judeu justificam a medida como forma de evitar o desvio de insumos pelo Hamas, algo que o grupo nega. A ONU (Organização das Nações Unidas), no entanto, rejeitara a iniciativa, classificando-a como antiética e ineficaz.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, 3.924 pessoas morreram desde março, quando Israel retomou a ofensiva após uma trégua. Entre os casos mais recentes, um ataque aéreo em Khan Younis matou nove dos dez filhos de um médico palestino. Também houve dezenas de mortes em uma escola que servia de abrigo em Gaza Norte.
Kallas disse ainda que a maior parte da ajuda financiada pela UE não tem chegado aos palestinos. “A maioria da ajuda a Gaza é fornecida pela UE, mas não está chegando às pessoas, pois está bloqueada por Israel”, afirmou. “O sofrimento das pessoas é insustentável.”
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também se manifestou e classificou os ataques recentes contra infraestrutura civil como “abomináveis” e “desproporcionais”. A UE anunciou a abertura de uma revisão formal de seu acordo comercial com Israel, e Kallas deve apresentar “opções” no próximo encontro de ministros das Relações Exteriores, em 23 de junho, em Bruxelas.