Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), apelou nesta quarta-feira (11) por US$ 21,4 milhões para ampliar urgentemente os serviços de saúde para pessoas deslocadas à força em países africanos afetados pela emergência das Mpox.
O financiamento apoiará esforços críticos de resposta e prevenção para 9,9 milhões de refugiados e comunidades anfitriãs em 35 países do continente.
Anteriormente conhecida como varíola dos macacos, a Mpox é uma doença viral que pode ser transmitida por contato físico com uma pessoa infectada, animal ou objetos contaminados.
A doença é endêmica em algumas partes da África há décadas, mas o número crescente de casos da nova cepa do vírus mpox, clado 1b, particularmente na República Democrática do Congo (RDC), levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma emergência de saúde pública de interesse internacional em 14 de agosto.
Até o momento, mais de 20 mil casos suspeitos foram relatados na África este ano. Pelo menos 88 foram entre refugiados, com 68 na RDC. Casos também foram relatados entre refugiados na República do Congo e Ruanda.
Refugiados em risco
Allen Maina, chefe de saúde pública do ACNUR , disse que o novo surto de mpox colocou as populações mais vulneráveis em alto risco, incluindo muitos refugiados e comunidades deslocadas à força que muitas vezes vivem em abrigos superlotados e sem acesso a água potável, sabão e alimentos nutritivos.
“Para refugiados e comunidades deslocadas que já enfrentam enormes desafios no acesso à assistência médica, essas condições os colocam em maior risco de adoecer e dificultam sua proteção”, disse ele.
A África abriga mais de um terço das pessoas deslocadas à força no mundo. Muitas residem em países que lutam contra a transmissão de mpox e se encontram em situações extremamente vulneráveis, agravadas por conflitos prolongados, déficits crônicos de financiamento humanitário e múltiplos desastres.
Financiamento sustentável é crucial
O ACNUR alertou que o Mpox ameaça sobrecarregar ainda mais os recursos humanitários já sobrecarregados, potencialmente interrompendo serviços e ajuda essenciais, como distribuição de alimentos, educação e atividades de proteção.
“Precisamos apoiar governos e parceiros na resposta ao mpox para garantir que ninguém seja deixado para trás”, disse Maina. “Precisamos de financiamento sustentável para fortalecer os sistemas de saúde, instalações de água e saneamento e outros serviços, garantindo que sejam resilientes agora e no futuro.”
Reforço das medidas
A ACNUR tem trabalhado com autoridades nacionais e locais, agências da ONU e outros parceiros desde que os surtos de mpox surgiram globalmente em 2022.
Para responder ao novo surto grave, as equipes reforçaram os pontos de lavagem de mãos em campos de refugiados e centros de trânsito, além de melhorar a distribuição de sabão e o acesso a testes de diagnóstico.
Eles também fortaleceram os mecanismos de vigilância, triagem e notificação de doenças, inclusive entre fronteiras, expandiram o treinamento para agentes comunitários de saúde e reforçaram a comunicação para garantir que as pessoas tenham informações precisas e acessíveis sobre a mpox, ajudando assim a combater a desinformação e a reduzir o estigma associado à doença.
Atendendo necessidades urgentes
A ACNUR apelou à comunidade internacional para aumentar o apoio financeiro para impulsionar os esforços de preparação e resposta e reduzir a exposição à doença das pessoas em maior risco.
Embora a agência já tenha repriorizado alguns recursos para responder rapidamente ao surto, ela disse que a escala e a complexidade da situação exigem financiamento adicional para atender às necessidades urgentes.
Além disso, o financiamento é essencial para garantir que refugiados e outras pessoas deslocadas à força sejam totalmente integradas aos planos nacionais de preparação e resposta, em linha com o Plano Continental de Preparação e Resposta Mpox para a África, coliderado pelos Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África) e pela OMS.