Otan insta os países-membros a ampliarem o investimento em Defesa nos próximos anos

Líder da aliança atlântica cita ameaças de Rússia e China e pede que as nações dediquem ao menos 2% de seus PIBs ao fortalecimento militar

O secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, se dirigiu aos países-membros da aliança, na quarta-feira (15), dizendo que é necessário aumentar o investimento em Defesa nos próximos anos. Ele sugeriu que as 30 nações comprometam ao menos 2% de seu produto interno bruto (PIB), segundo informações da agência Associated Press (AP).

Em 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia, a aliança atlântica deu fim ao congelamento de gastos estabelecido ao final da Guerra fria e decidiu comprometer 2% do PIB de cada país com Defesa. Esse acordo se encerra no ano que vem, e a Otan já vem trabalhando em uma meta que pode ser igual ou superior à anterior.

“O que é óbvio é que, se era certo se comprometer a gastar 2% em 2014, é ainda mais certo agora, porque vivemos em um mundo mais perigoso”, disse Stoltenberg após presidir uma reunião de ministros da Defesa da Otan.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan: ameaça crescente exige maior investimento (Foto: Otan/Flickr)

O secretário-geral voltou a colocar Moscou e Beijing como os principais desafios da aliança. “Há uma guerra totalmente estabelecida na Ucrânia, na Europa, e então vemos a ameaça persistente do terrorismo, e vemos também os desafios que a China está impondo à nossa segurança. Então, é óbvio que precisamos gastar mais”, afirmou.

Atualmente, nem todos os países da Otan gastam 2% do PIB com Defesa. Muitos argumentam que o acordo era apenas uma diretriz, não uma regra rígida. Assim, a aliança estima que 10 países estão próximos da meta ou até acima dela, enquanto 13 gastam por volta de 1,5% ou menos.

“Em vez de mudar os 2%, acho que devemos passar de considerar os 2% como teto para 2% do PIB como piso”, disse Stoltenberg, acrescentando que isso não deve ser “uma perspectiva ou movimento de longo prazo”, mas sim “um compromisso imediato de gastar 2% no mínimo”.

Quem lidera a lista de gastos militares é o governo norte-americano, que sozinho investe mais em Defesaque todos os demais países da Otan somados. Atualmente, os EUA investem 3,47% do PIB nos cofres de suas forças armadas. Já os principais países europeus e o Canadá aumentaram anualmente os gastos nos últimos oito anos, adicionando por volta de US$ 350 bilhões ao orçamento de Defesa.

Nos últimos dois anos, porém, a Covid-19 impactou duramente na economia dos países, e mesmo a Turquia,. um dos que mais investem em Defesa, teve que reduzir a cota para 1,22% do PIB em 2022. Já a Polônia aumentará o investimento para 4%, contra os 2,5% do PIB habituais. Um efeito direto da guerra entre Rússia na Ucrânia, vez que o território polonês é vizinho de ambos.

A ameaça crescente de China e Rússia levou até o Japão, que não faz parte da Otan, a deixar de lado sua tradição pacifista e anunciar em dezembro um reforço militar de US$ 320 bilhões. O dinheiro deve permitir a Tóquio incrementar seu potencial bélico com mísseis capazes de atingir a China, deixando o país melhor preparado para um eventual conflito prolongado.

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