‘UE não pode ser ingênua a respeito de Rússia e China’, diz ministro de Portugal

João Gomes Cravinho defendeu abordagem "360 graus" e investimentos da UE para contenção de Moscou e Beijing

O novo líder da UE (União Europeia), o português João Gomes Cravinho, defendeu nesta quarta (17) que o bloco não pode ser “ingênuo” frente às ameaças impostas por potências como a Rússia e a China. O registro é da rádio portuguesa Renascença.

Atual ministro da Defesa de Portugal, Cravinho usou o termo “naif” ao recusar uma abordagem neutra sobre Moscou e Beijing. “Não podemos deixar emergir vazios de poder perigosos e nem correr o risco de ter pontos cegos de visão na segurança”, disse.

Segundo ele, a abordagem do bloco com as potências deve ser de “360 graus”. “Não é só uma questão de solidariedade, mas de não correr riscos na segurança de nossa vizinhança”, disse.

"UE não pode ser ingênua sobre Rússia e China", diz ministro de Portugal
O ministro de defesa nacional de Portugal, João Gomes Cravinho, em cúpula da União Europeia no Brasil, em abril de 2018 (Foto: MDIC/Washington Costa)

A fala ocorreu durante um ciclo de conferências virtuais sobre a Europa após a pandemia, organizado pela República Tcheca. O país passará a liderar a UE na segunda metade de 2022, em mandato semestral.

Cravinho sugeriu ainda que o bloco europeu só “tem a ganhar” com a união dos 27 Estados-membros nos esforços no combate às ameaças de China e Rússia. Isso porque o processo implicaria em reconhecimento mútuo de tecnologias, reservas e capacidades estratégicas disponíveis nos países da UE.

Investimento em defesa

“Devemos ter em mente que as ameaças são interdependentes e afetam a todos”, disse. Segundo o português, a crise de refugiados de 2016 foi fomentada por conflitos armados na África e no Oriente Médio e atingiu a toda a UE com o aumento de “racismos e populismos”.

Essa não é a primeira vez que Cravinhos defende uma maior precaução da UE em relação à China e Rússia. No dia 3, o ministro recomendou “atenção cuidadosa” às potências, segundo informou o portal português Observador. O diplomata chama a atenção para o aumento nos gastos de defesa do bloco em 2020.

Juntos, os países da UE investiram 197 bilhões de euros em defesa no ano passado – 15% a mais que em 2017. “O valor alcança o investimento da China e é consideravelmente superior ao da Rússia”, afirmou.

Cravinhos defende que o bloco deve resistir à pressão para reduzir o investimento em defesa. “Seria como deixar de pagar um seguro de saúde numa conjuntura complicada”.

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