Seca e inundações deixam milhões em risco de fome e sede no sul da África

Crise na África Austral, que impacta na alimentação de 24 milhões de pessoas, destaca a necessidade urgente de mais ajuda internacional

Uma crise humanitária de grandes proporções assola o sul da África, onde mais de 24 milhões de pessoas enfrentam fome, desnutrição e escassez de água devido à combinação devastadora de seca e enchentes. Diante da situação, a Oxfam, uma confederação internacional de organizações que trabalham para combater a pobreza e a injustiça no mundo, emitiu um alerta preocupante na quarta-feira (3), chamando a atenção para o risco iminente de uma “situação humanitária inimaginável”. As informações são da rede CNN.

A declaração da Oxfam coincide com o Zimbábue se juntando a outros países da região, como Zâmbia e Malauí, ao declarar a seca como um desastre nacional, agravando ainda mais a crise.

Emmerson Mnangagwa, presidente do Zimbábue, observou que mais de 2,7 milhões de pessoas enfrentarão a fome no país este ano. Ele deu cifras à urgência da situação ao afirmar que mais de US$ 2 bilhões são necessários para responder a essa crise nacional. Mnangagwa enfatizou que a prioridade máxima é garantir alimentos para todos os cidadãos zimbabuanos, declarando que “ninguém deveria sucumbir ou morrer de fome”.

Em meio ao clima extremo, agricultora zimbabuense demonstra o plantio de sementes de milho tolerantes à seca e ao estresse térmico (Foto: International Maize and Wheat Improvement Center/Flickr)

A seca no sul da África está sendo agravada pelo fenômeno natural conhecido como El Niño, que traz altas temperaturas e pouca chuva para a região. Por outro lado, quando chove, o solo seco não consegue absorver a umidade, o que aumenta o risco de inundações. Essa situação é resultado da crise climática, impulsionada principalmente pela queima de combustíveis fósseis. Essas condições extremas estão tornando o sul da África um “ponto crítico” para desastres climáticos, de acordo com a Oxfam.

O sul da África enfrenta uma estação seca severa, afetando países como Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Malaui, Moçambique, Namíbia, Zâmbia e Zimbábue. Relatórios recentes com base entre o final de janeiro e fevereiro revelam que os níveis de chuva foram os mais baixos em pelo menos 40 anos, e partes centrais da região registraram o fevereiro mais seco em mais de 100 anos.

A Oxfam relatou que mais de 2 milhões de hectares de plantações foram danificados devido à seca severa em países como Zâmbia, Malauí e Moçambique Central. Em resposta, a Zâmbia declarou oficialmente a seca como um desastre em 29 de fevereiro.

No Malauí, o presidente Lazarus Chakwera declarou estado de calamidade devido às condições climáticas extremas, já pelo quarto ano consecutivo. O Programa Mundial de Alimentos (PMA) alerta que o El Niño está ampliando os impactos da crise climática no país. Apesar de sua pequena parcela nas emissões globais, o sul da África enfrenta desafios significativos. Em Moçambique, 3 milhões de pessoas sofrem com a fome, enquanto a capital, Maputo, foi atingida por enchentes devastadoras após a passagem da tempestade tropical Filipo e chuvas intensas subsequentes.

Teresa Anderson, líder da da ActionAid, uma ONG de ajuda humanitária e desenvolvimento que trabalha para erradicar a pobreza e promover os direitos humanos, criticou a injustiça das mudanças climáticas, afirmando que Moçambique, um dos países mais pobres, suporta os ônus da crise climática. Ela instou os países ricos a “assumirem responsabilidade” e fornecerem financiamento climático para comunidades vulneráveis lidarem com os desastres.

Machinda Marongwe, diretora do programa da Oxfam para o sul da África, alertou para a crise na região sul da África, pedindo aos doadores que liberem recursos urgentemente para “evitar uma situação humanitária inimaginável”, dada a acumulação de crises enfrentadas pelos países.

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