Trinta adolescentes teriam sido executados na Coreia do Norte por assistirem a ‘doramas’

Para o regime de Kim Jong-un, cultura pop da Coreia do Sul "corrompe as mentes" da população do Norte

A Coreia do Norte teria executado aproximadamente 30 estudantes adolescentes na semana passada por assistirem K-dramas, conhecidos pelo público brasileiro como “doramas”, séries televisivas famosas em todo o mundo por suas tramas envolventes e representação da cultura da Coreia do Sul. As informações são do Korea Joongang Daily.

Citando um funcionário do governo sul-coreano, o canal a cabo TV Chosun informou na quinta-feira (11) que autoridades norte-coreanas executaram publicamente estudantes do ensino fundamental por supostamente assistirem a dramas sul-coreanos armazenados em USBs. Esses dispositivos teriam sido enviados por balões, no mês passado, por grupos de desertores norte-coreanos a partir de Seul.

O Ministério da Unificação da Coreia do Sul se recusou a confirmar a denúncia feita pela reportagem. No entanto, um funcionário da pasta que falou sob condição de anonimato destacou que as autoridades norte-coreanas aplicam “punições severas com base em leis rigorosas”, incluindo a Lei de Ideologia Reacionária. O Relatório de Direitos Humanos da Coreia do Norte de 2024, publicado pelo ministério, documenta execuções por assistir a novelas sul-coreanas.

Korea Drama Festival em Seul, no ano de 2015 (Foto: WikiCommons)

Pyongyang afirma que cultura pop da Coreia do Sul “corrompe as mentes” da população do Norte. E há medidas legais para censurá-la. A Lei de Ideologia Reacionária e Rejeição da Cultura, implementada na Coreia do Norte em 2020, proíbe a população de distribuir, assistir ou ouvir qualquer conteúdo cultural considerado anti-socialista. As violações dessa lei podem levar a severas punições, incluindo anos de trabalhos forçados para pequenas quantidades de material proibido e até a pena de morte para quantidades maiores.

A medida faz parte de uma campanha mais ampla do governo norte-coreano para proteger a população da influência da cultura ocidental e sul-coreana. Isso inclui a proibição de músicas, filmes e séries de televisão sul-coreanas, bem como outros costumes considerados “capitalistas”, como usar jeans skinny, camisetas com palavras estrangeiras e cabelos tingidos.

No mês passado, para combater a propagação da cultura sul-coreana no país, as autoridades norte-coreanas sentenciaram cerca de 30 adolescentes de 17 anos à prisão perpétua e à pena de morte.

Em janeiro deste ano, imagens obtidas pela BBC Korean mostram a Coreia do Norte sentenciando publicamente dois adolescentes a 12 anos de trabalhos forçados por assistirem a K-dramas.

O vídeo, supostamente gravado em 2022 em formato de material didático voltado à controversa educação ideológica do país, mostra os jovens algemados diante de uma multidão em um estádio, enquanto oficiais uniformizados os repreendem por “não refletirem profundamente sobre seus erros.”

O entretenimento sul-coreano, incluindo o popular gênero musical K-pop, é proibido pelo regime do ditador Kim Jong-un. Apesar dos riscos de punições graves, há norte-coreanos dispostos a consumir as produções do país vizinho, que fazem sucesso no mundo todo.

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