UE renova sanções à Rússia e apela por união diante da política de Trump

Bloco mostrou alívio com a postura firme do presidente dos EUA contra Vladimir Putin e vê sua posição fortalecida em defesa da Ucrânia

Em uma semana marcada por decisões importantes, a União Europeia (UE) anunciou a renovação das sanções econômicas contra a Rússia e apresentou um plano para flexibilizar restrições impostas à Síria, dependendo de avanços políticos e humanitários no país devastado pela guerra. A reunião de ministros das Relações Exteriores, realizada na segunda-feira (27), também destacou a necessidade de uma resposta unificada à política externa do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. As informações são da Deutsche Welle.

As sanções à Rússia, prorrogadas por mais seis meses, incluem restrições comerciais e o congelamento de bilhões em ativos soberanos. A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, defendeu a medida como essencial para pressionar Moscou a encerrar a guerra na Ucrânia. “A Europa entrega. Isso continuará privando Moscou de receitas para financiar sua guerra. A Rússia precisa pagar pelos danos que está causando”, afirmou Kallas em suas redes sociais.

A decisão da UE ocorreu em meio a uma pressão crescente de Trump sobre a Rússia. O presidente dos EUA ameaçou impor mais sanções e tarifas caso Moscou não cesse as hostilidades na Ucrânia, o que foi interpretado como um fortalecimento da posição europeia. Diplomatas europeus ficaram aliviados com a postura firme de Trump contra Vladimir Putin, contrastando com a postura mais amigável de alguns líderes europeus, como o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán.

Kaja Kallas, primeira-ministra da Estônia, no Parlamento Europeu, em março de 2022 (Foto: Flickr)

A decisão, aliás, enfrentou resistência de Orbán, que ameaçou vetar a renovação caso a Ucrânia não permitisse o transporte de gás russo pelos gasodutos que atendem à Hungria. O premiê acusou a Ucrânia de prejudicar a economia húngara ao interromper o fornecimento de energia. “Se os ucranianos querem ajuda para sancionar os russos, precisam reabrir o gasoduto”, declarou o premiê. No entanto, Orbán cedeu após a Comissão Europeia se comprometer a mediar a questão com Kiev e incluir a Hungria no diálogo.

Especialistas avaliam que a postura inesperada de Trump, ao adotar uma linha dura contra a Rússia e exigir o fim da guerra, colocou Orbán em uma posição desconfortável. Zsuzsanna Vegh, analista do Fundo Marshall Alemão, afirmou que o primeiro-ministro húngaro “teve que amenizar suas objeções” para manter o equilíbrio entre seus laços com Moscou e Washington.

Enquanto isso, o bloco europeu também discute um “roteiro para aliviar sanções” à Síria, atualmente sob o controle transitório do grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS). A flexibilização está condicionada à formação de um governo inclusivo e ao respeito aos direitos humanos.

Julien Barnes-Dacey, especialista do Conselho Europeu de Relações Exteriores, ressaltou que a situação econômica da Síria é uma das maiores dificuldades para a transição política. A UE, portanto, busca garantir que qualquer alívio das sanções seja condicionado ao cumprimento de certos critérios, evitando que a situação no país se deteriore ainda mais.



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