Por que a influência da Arábia Saudita falha diante de Trump e Netanyahu

O príncipe Mohammed bin Salman conquista apoios ao Estado palestino, mas vê sua diplomacia limitada pela guerra em Gaza e pela aliança EUA-Israel

O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman conquistou uma vitória diplomática relevante ao reunir 10 países, entre eles Canadá, Reino Unido, Espanha e França, em apoio ao reconhecimento de um Estado palestino. O movimento fortalece a narrativa da solução de dois Estados, mas revela também os limites da política externa saudita. As informações são do jornal israelense Haaretz.

Apesar das estreitas relações comerciais e pessoais com Donald Trump, a Arábia Saudita não conseguiu persuadi-lo a se juntar ao reconhecimento palestino. Para Trump, Israel continua sendo prioridade absoluta, especialmente sob o comando de Benjamin Netanyahu. A normalização entre sauditas e israelenses, vista como trunfo estratégico, perdeu força após a escalada da guerra em Gaza.

Mohammed bin Salman durante encontro com Trump (Foto: Trump White House Archived/Flickr)

Bin Salman enfrenta contradições. Enquanto mobiliza aliados internacionais, não consegue transformar sua influência econômica em poder político efetivo nos Estados Unidos ou em Israel. Além disso, a guerra se expandiu para o Golfo, envolvendo ataques ao Irã e ao Catar, enfraquecendo ainda mais a posição saudita.

Relações externas: EUA, China, Rússia e Irã

Historicamente próximo de Washington, Riad vem diversificando suas alianças. Nos últimos anos, aproximou-se da China e da Rússia e, em 2023, restabeleceu relações com o Irã por meio de mediação chinesa. Ainda assim, continua dependente do aparato de segurança americano, situação que limita sua autonomia em decisões críticas.

O futuro da diplomacia saudita

O fracasso em influenciar Trump e Netanyahu expõe uma fragilidade estrutural: a Arábia Saudita pode ser gigante em recursos energéticos e financeiros, mas carece de instrumentos eficazes para moldar o cenário político global. A assinatura recente de um pacto de defesa com o Paquistão sinaliza tentativas de ampliar sua rede de alianças, mas não resolve o dilema central: a incapacidade de transformar riqueza em poder geopolítico.

Tags: