De ‘mudança climática’ a ‘emissões’: veja o que não pode mais ser dito no governo Trump

Lista de palavras vetadas inclui “verde” e “descarbonização”, em nova diretriz que reflete a postura de Washington diante do tema

O Departamento de Energia dos EUA (DOE, da sigla em inglês) adicionou os termos “mudança climática”, “verde” e “descarbonização” à lista de palavras que não devem ser usadas em documentos oficiais. A orientação foi enviada ao Escritório de Eficiência Energética e Energia Renovável (EERE) em um e-mail obtido pelo site Politico.

Esses termos estão no coração da missão da EERE, responsável por investir em tecnologias que ajudam a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e combater a poluição dos combustíveis fósseis. A decisão é mais um passo do governo Trump para silenciar ou minimizar as realidades da crise climática.

Imagem aérea após incêndios na Califórnia em 2017 (Foto: WikiCommons)

A diretriz enviada por Rachel Overbey, diretora interina de Relações Exteriores, deixa claro que a proibição vale tanto para comunicações públicas quanto internas. A lista de termos vetados deve ser evitada em relatórios, solicitações de financiamento federal e até em apresentações internas.

Além de “mudança climática” e “verde”, outras expressões foram banidas, como “emissões”, “transição energética”, “sustentabilidade”, “energia limpa ou suja”, “pegada de carbono” e “créditos ou reduções fiscais”.

Trump na ONU

A medida acontece poucos dias depois de Donald Trump criticar duramente, na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), líderes mundiais que adotam políticas para reduzir emissões.

“Eu estava certo sobre tudo, e estou dizendo: se vocês não se livrarem do golpe da energia verde, seu país vai fracassar”, declarou em discurso.

Contestação da ciência

O secretário de Energia, Chris Wright, reforçou a postura ao divulgar um relatório encomendado por ele que minimizava o impacto das emissões no agravamento dos extremos climáticos. Wright chegou a defender pontos controversos, como a ideia de que os benefícios de um planeta mais quente estariam sendo subestimados.

Corte em subsídios

Na semana anterior, Wright já havia cancelado US$ 13 bilhões em financiamentos para projetos de energia renovável. Ele também criticou de forma incisiva os incentivos à energia solar e eólica, que devem ser revogados por uma nova lei republicana após mais de três décadas em vigor.

“Se você não consegue se sustentar sozinho depois de 33 anos, talvez esse não seja um setor viável”, disse o secretário em coletiva de imprensa.

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