A Eritreia, considerada a ditadura mais fechada da África, atravessa um momento de instabilidade política e militar que ameaça sua própria sobrevivência como Estado. Governado há mais de três décadas por Isaias Afwerki, o país vive sob um regime de isolamento, onde o recrutamento militar por tempo indeterminado levou a ONU (Organização das Nações Unidas) a compará-lo à escravidão moderna. Estima-se que um terço da população já tenha fugido, deixando aldeias abandonadas, comércio fechado e fazendas improdutivas. As informações são do The Economist.
A fragilidade interna abriu espaço para pressões externas. A Etiópia, da qual a Eritreia se separou em 1993 após 30 anos de guerra de independência, voltou a reivindicar influência sobre o território. O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, declarou que pretende assumir o controle de portos eritreus no Mar Vermelho, fundamentais para o comércio e a estratégia militar regional. Analistas suspeitam que sua ambição vá além: derrubar o regime de Afwerki e até reincorporar a Eritreia.

O arsenal etíope em expansão, com drones, caças e mísseis, aumenta o temor de uma ofensiva. “Eles podem transformar Asmara em Gaza se quiserem”, alertou um ex-diplomata ocidental.
Ainda assim, especialistas afirmam que uma invasão enfrentaria forte resistência, com a possibilidade de apoio militar do Egito, do Sudão e até mesmo da Frente de Libertação do Povo Tigré (FLPT), rival histórica da Eritreia que agora ensaia uma aliança tática contra Abiy.
Além da ameaça imediata, velhas questões ressurgem. O projeto de uma “Grande Tigré”, unindo populações de língua tigrínia da Eritreia e do norte da Etiópia, volta a ser discutido. Para alguns, a união seria lógica; para outros, mera fantasia geopolítica, de acordo com a reportagem.