O lançamento de filmes japoneses na China foi suspenso em meio a uma disputa diplomática envolvendo declarações da primeira-ministra japonesa Sanae Takaichi sobre Taiwan. Segundo a emissora estatal chinesa CCTV, os títulos afetados incluem o mangá ‘Cells at Work!‘ e o filme de animação ‘Crayon Shin-chan: Super Hot! The Spicy Kasukabe Dancers‘. As informações são da rede BBC.
O adiamento acontece justamente em meio a uma fase de grande procura por animações japonesas na China. Embora ‘Demon Slayer: Castelo Infinito‘ tenha estreado recentemente e ainda ofereça ingressos disponíveis, o filme já registra queda nas vendas em razão da polêmica diplomática.
Diante da reação negativa do público chinês, distribuidores e importadores optaram por rever suas estratégias de lançamento, adiando títulos que estavam previstos para as próximas semanas.

Declarações que acirraram tensões
No dia 7 de novembro, Takaichi afirmou no parlamento japonês que o uso da força por parte da China contra Taiwan poderia configurar uma ameaça à sobrevivência nacional. A resposta de Beijing foi imediata: o governo passou a recomendar que cidadãos evitem viagens ao Japão e que estudantes reconsiderem planos de estudar no país.
Repercussões econômicas
As ações de empresas japonesas ligadas aos setores de turismo, aviação e varejo registraram queda imediata após o anúncio. A reação do mercado reflete a importância da China como um dos principais emissores de turistas para o Japão — foram cerca de 7,5 milhões de visitantes apenas nos primeiros nove meses de 2025.
Nesse cenário, o adiamento dos filmes japoneses em território chinês não apenas evidencia o impacto cultural da crise diplomática, mas também reforça seus efeitos econômicos, ampliando a tensão entre os dois países.
Por que isso importa?
Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.
Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.
Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.
A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.