Agências da ONU alertam para aumento do risco de fome em 18 ‘pontos críticos’

Sudão, Burkina Faso, Haiti e Mali foram elevados ao nível de alerta mais alto, juntando-se a Afeganistão, Nigéria, Somália, Sudão do Sul e Iêmen.

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

A fome deve piorar em 18 “pontos críticos” em todo o mundo, incluindo o Sudão, onde os combates colocam as pessoas em risco de fome, alertaram a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) em um relatório publicado na segunda-feira (29).

Sudão, Burkina Faso, Haiti e Mali foram elevados ao nível de alerta mais alto, juntando-se a Afeganistão, Nigéria, Somália, Sudão do Sul e Iêmen.

Além disso, um provável El Niño, fenômeno climático natural que tem um efeito de aquecimento nas temperaturas da superfície do oceano no centro e leste do Pacífico, também está aumentando o medo de extremos climáticos em nações vulneráveis.

O relatório pede uma ação humanitária urgente para salvar vidas e meios de subsistência e prevenir a fome e a morte.

“Os caminhos habituais não são mais uma opção no atual cenário de risco se quisermos alcançar a segurança alimentar global para todos, garantindo que ninguém seja deixado para trás”, disse Dongyu Qu, diretor-geral da FAO.

Ele sublinhou a necessidade de intervenções imediatas no setor agrícola “para tirar as pessoas da beira da fome, ajudá-las a reconstruir suas vidas e fornecer soluções de longo prazo para abordar as causas profundas da insegurança alimentar”.

Criança iemenita carrega água potável na cidade de Aden, no Iêmen, em abril de 2020 (Foto: Unicef)
Pior que nunca

A insegurança alimentar aguda deve aumentar potencialmente em 18 “pontos críticos” da fome, abrangendo um total de 22 países de acordo com o relatório.

“Não apenas mais pessoas em mais lugares do mundo estão passando fome, mas a gravidade da fome que enfrentam é pior do que nunca”, disse Cindy McCain, diretora executiva do PMA .

O conflito no Sudão já está causando deslocamentos em massa e fome. Espera-se que mais de um milhão de cidadãos e refugiados deixem o país, enquanto outros 2,5 milhões dentro de suas fronteiras devem enfrentar fome aguda nos próximos meses.

O relatório alertou que um possível transbordamento da crise aumenta o risco de impactos negativos nos países vizinhos. Se o conflito continuar, pode provocar mais deslocamentos e interrupções no comércio e nos fluxos de ajuda humanitária.

Choques econômicos continuam

Enquanto isso, choques econômicos e estressores continuam a causar fome aguda em quase todos os pontos críticos, mantendo as tendências observadas globalmente em 2022, em grande parte devido às consequências da pandemia de Covid-19 e da guerra na Ucrânia.

Afeganistão, Nigéria, Somália, Sudão do Sul e Iêmen permanecem no nível de alerta mais alto para fome aguda. Além do Sudão, três outros países, Haiti, Burkina Faso e Mali, também foram elevados a este patamar devido a restrições de circulação de pessoas e bens.

“Todos os hotspots no nível mais alto têm comunidades que enfrentam ou estão projetadas para enfrentar a fome, ou correm o risco de deslizar para condições catastróficas, uma vez que já apresentam níveis emergenciais de insegurança alimentar e enfrentam graves fatores agravantes. Esses pontos críticos requerem a atenção mais urgente”, disseram as agências da ONU.

O relatório listou a República Centro-Africana, a República Democrática do Congo, a Etiópia, o Quênia, o Paquistão e a Síria como focos de grande preocupação, juntamente com Mianmar.

Todos esses países têm um grande número de pessoas enfrentando insegurança alimentar aguda crítica, juntamente com o agravamento dos fatores que devem intensificar ainda mais as condições de risco de vida nos próximos meses.

Os outros hotspots são Líbano, Malaui, El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua.

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