Após massacre, cresce insatisfação popular contra o governo de Burkina Faso

No fim de semana, milhares de manifestantes se reuniram na capital Ouagadougou reivindicando um enfrentamento do governo aos jihadistas

Diante da crise humanitária e da violência de grupos extremistas que assolam o país, o presidente de Burkina Faso Roch Kaboré enfrenta forte pressão popular vinda das ruas. A situação calamitosa já fez cerca de 1,5 milhão de pessoas fugirem de suas casas. As informações são do canal de TV turco TRT World.

No último sábado (3), milhares de manifestantes se reuniram na capital Ouagadougou para reivindicar um enfrentamento do governo à situação. Em um dos mais recentes episódios do crescente derramamento de sangue, um massacre ocorrido em junho – com a participação de crianças-soldados – resultou na morte de 160 pessoas.

Organizado por um movimento de oposição a Kaboré, o ato de sábado reuniu milhares nas ruas, entre gritos de ordem como “Não às populações sendo abandonadas”, “Não aos ataques sem fim” e “Ainda há um presidente em Burkina Faso?”.

O presidente Roch Kaboré enfrenta crescente insatisfação popular devido ao derramamento de sangue no país (Foto: Flickr/República de Benin)

O país convive desde 2015 com a violência de grupos ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico (EI), insurgência que desencadeou uma crise humanitária. Grupos armados lançam ataques ao exército e a civis, desafiando também a presença de milhares de tropas francesas e de forças internacionais.

“Há uma enorme raiva entre a população com o fracasso do governo em proteger adequadamente o povo e em lidar com essa insurgência”, disse Andrew Lebovich, membro do Conselho Europeu de Relações Exteriores.

Massacre de Solhan

O sentimento de “raiva pública” tem aumentado desde a noite de 4 de junho, quando o ataque mais mortal registrado em seis anos de rebelião jihadista ocorreu na vila de Solhan, na província de Yagha.

Homens armados, incluindo jovens de 12 a 14 anos, de acordo com as autoridades, mataram pelo menos 132 pessoas. Os locais contestam o número oficial e dizem que 160 pessoas foram mortas a tiros, incluindo 20 crianças.

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