Massacre que matou 160 em Burkina Faso foi realizado por crianças-soldado

Menores de 12 a 14 anos eram a maioria entre agressores que invadiram e incendiaram a vila de Solhan em 4 de junho

Crianças-soldado de 12 a 14 anos foram responsáveis pelo maior massacre recente de Burkina Faso, disse o porta-voz do governo Ousseni Tamboura à Reuters, nesta sexta (25).

Os menores invadiram a vila de Solhan, no nordeste do país, incendiaram casas e atiraram em civis na noite do dia 4 de junho. A violência foi a maior já registrada na região, dominada por grupos ligados a Al-Qaeda e Estado Islâmico.

Conforme Tamboura, testemunhas relataram que a maioria dos agressores eram crianças-soldado recrutadas ou capturadas em outras emboscadas ao longo da região.

Massacre que matou 160 pessoas em Burkina Faso foi realizado por crianças-soldado
Crianças se distraem em acampamento de refugiados em Kaya, Burkina Faso, dezembro de 2019 (Foto: Unicef/Vincent Tremedeau)

“Condenamos veementemente o recrutamento de crianças e adolescentes por grupos armados não estatais. Esta é uma grave violação de seus direitos fundamentais”, afirmou a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

Geralmente, em áreas extremamente vulneráveis e pobres, quando não são raptados, os menores são atraídos pelos grupos armados pela oferta de segurança, dinheiro e alimentação.

O avanço jihadista no Sahel africano segue inabalável, apesar as intervenções das forças de paz da ONU (Organização das Nações Unidas). Países como Mali e Níger também enfrentam a insurgência.

Os ataques a civis e soldados cresceram desde 2018, quando 167 eventos armados resultaram em 506 mortes. No ano passado, os conflitos armados subiram para 476, e mais de mil civis morreram nas ofensivas. A onda de violência já forçou o deslocamento de 1,2 milhão de civis.

A violência extremista levou ao fechamento de mais de 2,2 mil escolas – uma em cada dez em Burkina Faso. A Unicef estima que mais de 300 mil crianças não têm acesso ao ensino desde 2018.

Tags: