Após Ebola matar oito crianças, Uganda decide encerrar as aulas antes do previsto

Até agora, o governo afirma que foram registrados em todo o país 135 casos, com ao menos 53 pessoas mortas em função do vírus

Após a identificação de 23 casos de Ebola entre crianças, com oito mortes, o governo de Uganda resolveu encerrar o ano letivo duas semanas mais cedo. Segundo Janet Kataha Museveni, ministra da Educação, as aulas terminarão no dia 25 de novembro, já que o acúmulo de alunos em sala de aula faz crescer o risco de contaminação. As informação são da agência Al Jazeera.

“Fechar as escolas mais cedo reduzirá as áreas de concentração onde as crianças estão em contato diário com outras crianças, professores e outros funcionários que podem espalhar o vírus”, disse a ministra, que também é esposa do presidente Yoweri Museveni.

A medida vale para os ensinos infantil, básico e médio. No país, o ano letivo é dividido em três trimestres, sendo que atualmente os alunos estão no último desses períodos.

Escola em Uganda fechada devido à pandemia de Covid-19, setembro de 2021 (Foto: Zahara Abdul/Unicef)

No dia 17 de outubro, o presidente anunciou um lockdown de três semanas nos distritos de Mubende e Kassanda, regiões onde o surto estava mais concentrado. No último sábado (5), como a situação não melhorou e a doença já foi detectada inclusive na capital, Kampala, ele prorrogou o prazo.

Durante o lockdown, bares, discotecas, locais de culto e de entretenimento devem ficar fechados, e as entradas e saídas de cidadãos estão proibidas. Até agora, o governo afirma que foram registrados em todo o país 135 casos, com 53 mortes. Já a OMS (Organização Mundial de Saúde) lista 64 casos fatais.

Vacinas ineficazes

Um dos problemas do atual surto de Ebola reside no fato de que as vacinas tendem a ser ineficazes contra a cepa do Sudão que atinge a população ugandense. O problema já havia sido identificado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) no final de setembro, e desde então os casos aumentaram.

As vacinas existentes contra o Ebola provaram ser eficazes contra a cepa do Zaire, mas não está claro se são bem-sucedidas contra a cepa do Sudão, disse a OMS em comunicado. Outra vacina produzida pela empresa farmacêutica Johnson and Johnson pode ser eficaz, mas ainda não foi testada.

O Ebola é uma doença grave, muitas vezes fatal, que afeta humanos e outros primatas. Tem seis cepas diferentes, três das quais – Bundibugyo, Sudão e Zaire – já causaram grandes surtos.

As taxas de letalidade da cepa do Sudão variaram de 41% a 100% em surtos anteriores, sendo inferiores às da cepa do Zaire, que é também mais transmissível. A implantação precoce do tratamento de suporte mostrou reduzir significativamente as mortes, disse a OMS.

É a primeira vez em mais de uma década que a cepa sudanesa é encontrada em Uganda, que também viu um surto da cepa do Zaire do vírus Ebola em 2019.

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