Ataques contra as forças de segurança somalis matam cinco pessoas, duas crianças

Atentado contra as forças de segurança ocorre em meio à expectativa pela realização das eleições presidenciais no país

O Al-Shabaab realizou uma série de ataques coordenados contra delegacias de polícia e pontos de checagem de segurança em Mogadíscio, capital da Somália, na quarta-feira (16). Ao menos cinco pessoas morreram em duas das ações, sendo duas crianças. As informações são da agência catari Al JAzeera.

O atentado, que segue o padrão do grupo extremista de atacar as forças de segurança locais, ocorre em meio à expectativa pela realização das eleições presidenciais no país. Na semana passada, o Al-Shabaab havia realizado outro ataque, esse durante as eleições parlamentares, no qual morreram quatro pessoas.

Ataques contra as forças de segurança somalis matam cinco pessoas, duas crianças
Ataque do Al-Shabaab em Mogadíscio, capital da Somália (Foto: reprodução/Twitter)

O porta-voz da organização terrorista, Abdiasis Abu Musab, disse que os combatentes atingiram alvos do governo em quatro distritos da capital nacional e em outra área nos arredores. Bases das forças de segurança foram invadidas, e os jihadistas conseguiram levar veículos e armas militares.

O ministro da Segurança Interna da Somália, Abdullahi Nor, confirmou os ataque no Twitter. “À 1:00 da manhã, o [grupo] terrorista atacou os subúrbios de Mogadíscio e alvejou nossas delegacias e postos de controle, e estou informando ao público que nossas forças de segurança derrotaram o inimigo, e a Força Policial compartilhará mais informações com o público quando for possível e acessível”.

Por que isso importa?

O Al-Shabbab, organização extremista ligada à Al-Qaeda, chegou a controlar a capital Mogadíscio até 2011, quando foi expulso de lá pelas forças da União Africana. Atualmente, controla territórios nas áreas rurais da Somália e luta para derrubar o governo nacional.

O grupo concentra seus ataques no sul e no centro do país. As atividades envolvem ataques a órgãos e oficiais do governo e a entidades de ajuda humanitária, além de extorsão contra a população local e proteção de terroristas internacionais que se escondem no país.

Dados apontam que os extremistas estiveram em mais de 400 episódios violentos no país entre julho e setembro do ano passado – o maior número desde 2018.

O confronto, porém, atualmente pende para o lado do exército. O objetivo dos militares é reconquistar territórios vitais para a economia do país, numa ofensiva comandada pelo general Odowaa Yusuf Rageh. Em determinadas missões, ele faz questão de liderar pessoalmente os militares. 

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um porto seguro para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.

Mais recentemente, em dezembro de 2021, três cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras importantes do grupo terrorista.

Para o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações terroristas islâmicas.

“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”. Saiba mais.

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