Ataques rebeldes matam 14 pessoas na RD Congo, inclusive dois militares sul-africanos

Os soldados mortos eram membros de uma coalizão regional de forças enviada ao país para conter a violência de facções armadas

Ao menos 14 pessoas morreram em dois ataques realizados por rebeldes armados na República Democrática do Congo na quarta-feira (14). Entre as vítimas fatais estão dois soldados da África do Sul, as primeira baixas desde que o país ofereceu suas Forças Armadas para reforçar o combate à violência de facções locais. As informações são da agência Al Jazeera.

“Como resultado de fogo indireto, a SANDF (Força de Defesa Nacional Sul-Africana, da sigla em inglês) sofreu duas mortes, e três membros ficaram feridos. Os feridos foram levados ao hospital mais próximo em Goma para atendimento médico”, disseram os militares da África do Sul após o incidente.

Um dos ataques registrados na quarta-feira foi atribuído à Codeco (Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo), uma coalizão de milícias que atua sobretudo em Ituri e é composta majoritariamente por pessoas da comunidade Lendu.

Soldados do M23, movimento armado da RD Congo, em foto de 2012 (Foto: Wikimedia Commons)

A Codeco atacou uma mina de ouro no distrito de Djugu, em Ituri, e matou 12 pessoas, tendo ainda sequestrado outras 16. Entretanto, a ação que vitimou os militares sul-africanos ocorreu em outra área.

A opção que vem sendo considerada é a de que esse segundo ataque tenha sido conduzido pelo M23 (Movimento 23 de Março), um grupo formado originalmente por tutsis da RD Congo e historicamente apoiado sobretudo pelo governo de Ruanda.

De acordo com a rede BBC, as mortes geraram turbulência na África do Sul, com a oposição política iniciando uma campanha para o país retirar seus soldados da coalizão de forças militares que passou a atuar na RD Congo.

Os soldados eram integrantes de uma força da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sigla em inglês), bloco de 16 países do qual a RD Congo é integrante. O grupo reuniu suas tropas para substituir outra força de apoio, esta liderada pelo Quênia, que se retirou em dezembro de 2023.

Conflito regional

A RD Congo sofre com os conflitos violentos entre grupos armados não estatais e forças governamentais. De acordo com a ONU (Organização das nações Unidas), quase sete milhões de pessoas haviam sido deslocadas internamente pela violência até o final de 2023.

O M23, que ergueu suas armas novamente em 2021, rompendo assim um acordo de paz com o governo, é o principal protagonista da violência. A acusação de que a facção é patrocinado por Ruanda gera o temor de um conflito regional, com a ONU tendo alertado para tal ameaça no ano passado.

“O risco de confronto direto entre a RD Congo e Ruanda, que continuam a se acusar mutuamente de apoiar grupos armados inimigos, continua muito real”, disse em outubro Huang Xia, enviado especial do secretário-geral António Guterres à região dos Grandes Lagos.

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