ONU marca Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio contra os Tutsis em Ruanda

António Guterres destaca que massacre foi deliberado e sistemático e cita a importância da Justiça em casos de genocídio

Este sete de abril é o Dia Internacional de Reflexão sobre o Genocídio contra os Tutsis em Ruanda. A data recorda o massacre comandado por autoridades extremistas hutus em 1994 que, em cem dias, matou cerca de um milhão de pessoas. Uma resolução da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou a lembrança da data, em 2003.

Em mensagem para lembrar o dia, o secretário-geral, António Guterres, ressaltou desafios como a guerra na Ucrânia, ao lado de situações de conflito no Oriente Médio, na África e em outras partes do globo. Ele convidou o mundo a refletir sobre os fracassos que levaram à situação ruandesa, que, nas palavras dele, poderia ter sido evitada. 

Guterres disse que o massacre foi deliberado, sistemático e realizado em plena luz do dia. Segundo ele, ninguém que acompanhasse os assuntos mundiais ou visse o noticiário poderia negar o que chamou de “violência doentia”. Mas, anda assim, poucos se manifestaram e menos ainda tentaram intervir.  

Após 28 anos dos acontecimentos, a mancha da vergonha permanece. Para o secretário-geral, as escolhas da comunidade internacional estão entre a humanidade e o ódio, a compaixão e a crueldade, a coragem e a complacência, a reconciliação e a ira.  

O secretário-geral apontou ainda o princípio da responsabilidade de proteger, algo que desencoraja a indiferença perante crimes atrozes. Na mensagem, ele elogiou a atuação do Tribunal Penal Internacional (TPI), que foi o pioneiro na condenação por genocídio, e ressaltou que a Justiça é indispensável para uma paz sustentável.  

Corpos de ruandeses mortos em campos de refugiados mal abastecidos durante o episódio conhecido como genocídio de Ruanda, em outubro de 1994 (Foto: Divulgação/U.S. National Archives)

Guterres observou que Ruanda é atualmente um testemunho poderoso da capacidade do espírito humano de curar até as feridas mais profundas e de emergir das profundezas mais sombrias para reconstruir uma sociedade mais forte.

Depois de terem sofrido violência de gênero, as mulheres hoje ocupam 60% dos assentos parlamentares no quarto maior país contribuinte para as operações de manutenção da paz da ONU. 

De acordo com o português, o genocídio contra os tutsis levantou questões que afetam toda a humanidade. Entre elas, o papel do Conselho de Segurança, a eficácia da manutenção da paz, a necessidade de acabar com a impunidade por crimes internacionais ou de lidar com as raízes da violência e a fragilidade do civismo. 

Entre as cerimônias agendadas para marcar a data em nível global está um memorial na sede das Nações Unidas. A cerimônia oficial em memória das vítimas está marcada para 21 de abril. Já a Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) promove ações educativas sobre genocídios para sensibilizar estudantes para as causas, dinâmicas e consequências de tais crimes.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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