Ativistas instam a Eritreia a libertar jornalista preso arbitrariamente desde 2001

Dawit Issak está preso arbitrariamente no país africano desde setembro de 2001 e sequer há a certeza de que esteja vivo

Ativistas dos direitos humanos e a ONU (Organização das Nações Unidas) voltaram a pressionar o governo da Eritreia pela libertação do jornalista sueco-eritreu Dawit Issak, preso arbitrariamente no país africano desde setembro de 2001. As informações são da agência qatari Al Jazera.

Isaak foi detido junto com outras dezenas de pessoas durante uma ação contra oposicionistas em setembro de 2001. Além de jornalistas independentes, foram presos parlamentares e ministros locais. O presidente Isaias Afwerki, no poder desde a independência da Etiopia em 1993, afirma que os detidos são uma “ameaça à segurança nacional”.

“Até hoje, Dawit Isaak nunca foi acusado de um crime, nem passou um dia no tribunal ou falou com seu advogado”, disse Mary Lawlor, relatora especial da ONU para a condição dos defensores dos direitos humanos. “O nível no qual o governo da Eritreia está ignorando os direitos humanos básicos e fundamentais de Isaak é terrível. Ele deve ser libertado imediatamente”.

Lawlor afirma que há dois meses entrou em contato com o governo da Eritreia sobre a situação do jornalista. “Implorei ao governo informações sobre ele e respeito pelos seus direitos“, diz ela. “Eles não responderam”.

Nos primeiros anos de detenção de Isaak, segundo Lawlor, as informações que chegavam eram sobre a necessidade de levar o jornalista constantemente ao hospital. “Agora não recebemos notícias, e isso é pior. Tememos por sua vida. No mínimo, a Eritreia deve apresentar imediatamente provas de que ele está vivo e bem”.

Dawit Isaak, jornalista sueco-eritreu preso arbitrariamente desde 2001 (Foto: news.un.org/divulgação)

Mohamed Abdelsalam Babiker, maior especialista da ONU sobre direitos humanos na Eritreia, segue a mesma linha de raciocínio. Ele afirma que o governo “não confirmou seu paradeiro (de Isaak) ou forneceu qualquer evidência sólida sobre seu estado de saúde em todos esses anos. Negou as acusações de tortura, mas não permitiu que ninguém o visitasse”.

De acordo com a ONG Repórteres Sem Fronteiras, Isaak e os demais jornalistas detidos em setembro de 2001, durante a ação do governo eritreu, são os profissionais de imprensa encarcerados há mais tempo no mundo.

Fuga para a Suécia

Isaak, atualmente com 56 anos, fugiu para a Suécia em 1987 durante a guerra entre a Eritreia e a Etiópia que levou à independência. Ele voltou ao país em 2001 para ajudar a estabelecer o jornalismo independente local e, então, fundou o jornal Setit, no qual publicou um artigo exigindo reformas políticas no país. Foi preso pouco depois.

Acredita-se que ele esteja encarcerado na prisão de Eiraeiro, de onde surgem habitualmente relatos de tortura endossados pel oGrupo de Trabalho da ONU sobre Desaparecimentos Forçados ou Involuntários.

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