Um ataque atribuído ao Boko Haram, ligado à Al-Qaeda, deixou cerca de 40 soldados das Forças Armadas do Chade mortos entre a noite de domingo (27) e a manhã de segunda-feira (28). De acordo com a rede France 24, o ataque aconteceu em uma base militar nas proximidades da fronteira entre a nação africana e a Nigéria, país de origem do grupo extremista.
“Uma guarnição com mais de 200 soldados foi alvo de membros do Boko Haram”, disse uma fonte local cuja identidade não foi divulgada. “Membros do Boko Haram tomaram o controle da guarnição, apreenderam as armas, queimaram veículos equipados com armas pesadas e foram embora”, acrescentou.
O número de mortos e o local onde ocorreu o ataque, nas proximidades de Ngouboua, no oeste do país, foram confirmadas pela presidência do Chade.
Após visitar o local onde os soldados foram mortos, o presidente chadiano Mahamat Idriss Deby Itno prometeu que suas Forças Armadas realizarão uma operação “para perseguir os agressores e localizá-los em seus esconderijos mais distantes”.

O Chade atualmente é um dos poucos países africanos que ainda mantêm uma aliança com a frança e os EUA no setor de segurança. Tropas francesas e norte-americanas marcam presença no país, onde ajudam as forças locais a combater a insurgência islâmica.
O cenário no continente africana, entretanto, é desfavorável aos países ocidentais, gradualmente convidados a retirar suas tropas conformam algumas nações preferem direcionar suas alianças para a Rússia e seus grupos mercenários. Casos de Níger, Burkina Faso e Mali, países governandos por regimes militares que romperam os acordos com Paris e Washington.
Por que isso importa?
Os terroristas do Boko Haram lutam para criar um califado islâmico no nordeste da Nigéria. A ação já se espalhou para países vizinhos como Camarões, Chade, Níger e Benin, com assassinatos regulares, queima de mesquitas, igrejas, mercados e escolas e ataques a instalações militares.
Ultimamente, porém, o grupo passou a colecionar derrotas. Em junho de 2021, militantes do Boko Haram gravaram um vídeo no qual confirmaram a morte de Abubakar Shekau, seu notório ex-comandante.
Shekau morreu no dia 19 de maio daquele ano, em um confronto com jihadistas do rival ISWAP (Estado Islâmico da Província do Oeste da África) na floresta de Sambisa. “Shekau detonou uma bomba e se matou”, disse um militar nigeriano à época, em áudio ouvido pelo Wall Street Journal.
Formado por dissidentes do Boko Haram, o ISWAP se afastou de Shekau em 2016 e passou a se concentrar em alvos militares e ataques de alto perfil, inclusive trabalhadores humanitários. Depois da morte de Shekau, informações sugerem que houve uma aproximação entre os dois grupos, algo jamais confirmado oficialmente.
A insurgência islâmica na região já matou dezenas de milhares de pessoas, principalmente na Nigéria, e deslocou cerca de três milhões, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas)