O aumento nos bombardeios do Exército Nacional Líbio na capital, Trípoli, e a pandemia do novo coronavírus, juntos criam um cenário preocupante no país. A avaliação, feita nesta quinta (23), é da chefe de missão de apoio da ONU na Líbia, Stephanie Turco Williams.
Desde a semana passada, o Governo de Acordo Nacional da Líbia, apoiado pelas Nações Unidas, tenta retomar seis cidades costeiras no sentido Tunísia. A meta é aproximar-se da capital e provocar um recuo do Exército Nacional, apoiado por Arábia Saudita, Emirados Árabes e Egito.
Williams afirmou que a situação das pessoas impactadas pelo conflito tem piorado durante a quarentena.
“Agora, a população está em isolamento 24 horas por dia por causa da pandemia. Essas famílias vem se deslocando várias vezes, para lugares cada vez mais povoados que, agora, estão sendo afetados por bombardeios”, afirmou.
Apesar do novo coronavírus, o contato com as partes envolvidas no conflito continuam. Williams afirmou ter conversado com o general Haftar, das Forças Armadas da Líbia, e com o primeiro-ministro Fayez al-Sarraj para pedir uma resposta à proposta de cessar-fogo.
“Temos um conflito em escalada, que está sendo diretamente alimentado por partes externas”, aponta. “Temos instituições divididas, corrupção, economia em crise, pouca receita petrolífera entrando após o bloqueio imposto em janeiro. O país já perdeu US$ 4 bilhões em receita de petróleo.”
De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a Líbia tem, nesta sexta (24), 60 casos confirmados do novo coronavírus e duas mortes.
“You can’t really call it a truce, you can’t really call it a ceasefire. We’ve had 70 violations just in the last week.” Stephanie Turco Williams, acting head of @UNSMILibya, gives an update on the situation in #Libya. pic.twitter.com/Lj1aQDxIlD
— UN Geneva (@UNGeneva) April 23, 2020