Cinco pessoas morrem em violento protesto contra missão de paz da ONU na RD Congo

Frentes da sociedade civil alegam que missão de paz não está protegendo a população das agressões das milícias

Pelo menos cinco pessoas morreram e aproximadamente 50 ficaram feridas nesta terça-feira (26) durante o segundo dia de protestos contra a atuação da missão de paz da ONU (Organizações das Nações Unidas) em Goma, no leste da RD do Congo. As informações são da agência Reuters.

As manifestações, inicialmente pacíficas, começaram na segunda (25) e se tornaram violentas no decorrer do dia, quando centenas passaram a atacar e saquear uma base logística da Monusco (Missão das Nações Unidas na República Democrática do Congo) na cidade, exigindo que a missão faça as malas e deixe o país. 

Os manifestantes foram convocados por frentes da sociedade civil e pelo partido União pela Democracia e o Progresso Social (UDPS, na abreviatura em francês), sigla do presidente Félix Tshisekedi. Eles acusam a organização internacional de não proteger os civis das agressões das milícias.

Tropas da Missão das Nações Unidas na RD Congo, Monusco, em Ituri (Foto: Divulgação/Monusco)

De acordo com o relato de um correspondente internacional presente no local, alguns invadiram as residências de funcionários da ONU, que precisaram ser evacuados da cidade em um comboio de veículos escoltados pelo exército.

Já um repórter da Reuters testemunhou as forças de paz atirando contra dois manifestantes, que jogavam pedras, vandalizavam e incendiavam prédios das Nações Unidas. Segundo ele, gás lacrimogêneo e munição real foram usados contra a multidão, resultando na morte de duas pessoas. Outras duas ficaram feridas. Militares e policiais enviados ao local não responderam com fogo.

Protestos semelhantes também ocorreram nesta terça na cidade de Butembo, a cerca de 200 quilômetros ao norte de Goma. Autoridades locais pedem calma.

A Monusco ainda não se pronunciou sobre os protestos desta terça. A missão está em um movimento gradual de retirada do país há anos.

Por que isso importa?

O recente ressurgimento do grupo armado M23 no leste da República Democrática do Congo (RDC) é a mais recente ameaça à paz, à segurança e à estabilidade na região. E é necessária uma ação urgente para conter a violência, alertou em junho ao Conselho de Segurança Martha Pobee, secretária-geral adjunta para assuntos políticos e operações de paz da ONU na África.

Os civis estão pagando um alto preço pela violência, segundo ela, que citou informações do OCHA (escritório de assuntos humanitários da ONU). Cerca de 75 mil pessoas foram deslocadas em combates no mesmo mês na província de Kivu do Norte, enquanto outras 11.577 cruzaram a fronteira para Uganda.

Na ocasião, dois integrantes da Monusco sofreram ferimentos leves nas hostilidades, enquanto pelo menos 16 soldados congoleses foram mortos e 22 feridos.

A ONU e os principais parceiros regionais e internacionais pediram unanimemente que o M23 deponha suas armas e se junte ao processo de desarmamento e desmobilização de combatentes.

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