Rebeldes matam 16 pessoas na RD Congo, entre elas um funcionário da Cruz Vermelha

Forças Democráticas Aliadas, que dizem ser uma facção do Estado Islâmico, teriam incendiado cinco veículos com pessoas dentro

Um ataque realizado por rebeldes deixou 16 mortos e sete feridos em Bulongo, província de Kivu do Norte, na República Democrática do Congo, no domingo (29). Uma das vítimas era um funcionário da Cruz Vermelha, de acordo com o site The Defense Post.

Andika Mihekto, líder de uma comunidade local, disse que o ataque aconteceu no começo da noite de domingo (29) e foi até a manhã seguinte. Segundo ele, os responsáveis foram integrantes da ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês).

“Eles incendiaram cinco veículos e as pessoas dentro foram queimadas”, contou Mihekto.

Albert Ndungo, secretário da Cruz Vermelha em Bulongo, confirmou a morte de um funcionário da organização, que teria sido atingido por tiros quando tentava fugir.

Soldados da República Democrática do Congo em combate a terroristas na província de Ituri, ao leste do país, em fevereiro de 2015 (Foto: Divulgação/Monusco)
27 civis mortos

No sábado (28), a ADF também foi acusada de matar 27 civis em outro ataque realizado em Kivu do Norte, este na aldeia de Beu Manyama, de acordo com o exército congolês. Sete terroristas do grupo teriam sido mortos pelas forças de segurança em uma perseguição que sucedeu ao ataque.

“Ouvimos tiros ao amanhecer na aldeia de Beu Manyama”, disse o porta-voz do exército Anthony Mualushayi. “Quando chegamos, já era tarde demais, porque a ADF já havia matado mais de uma dúzia de nossos concidadãos com facões”.

Por que isso importa?

A ADF é uma organização paramilitar ugandense acusada de estar por trás de milhares de mortes nos últimos anos. O grupo nasceu em 1995, como oposição ao presidente Yoweri Museveni, e tem atuando majoritariamente em áreas remotas. Com o tempo, a facção ultrapassou as fronteiras de Uganda e passou a agir também na RD Congo.

No começo de maio de 2021, o governo congolês decretou lei marcial em Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, de modo a estancar a violência atribuída ao grupo rebelde. Porém, o número de civis mortos só cresceu.

Cerca de três meses depois, em agosto, o atual presidente congolês Felix Tshisekedi declarou que forças especiais dos Estados Unidos seriam enviadas à região a fim de estudar a viabilidade de instalação de uma unidade antiterrorismo para o enfrentamento da violência islâmica.

A ADF foi colocado na lista de sanções financeiras por Washington, classificada como terrorista. A organização declarou publicamente ser um braço do Estado Islâmico (EI), que por sua vez assumiu a responsabilidade por alguns de seus ataques.

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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