Conflito eleva custo de alimentos em mais de 200% no Sudão do Sul

Enviado da ONU fala de estresse humanitário, econômico e de segurança no país causados pela violência comunitária

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) acompanhou na quarta-feira (5) o informe da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (Unmiss) apresentado pelo representante especial do secretário-geral para o país.

Nicholas Haysom listou fatores de estresse humanitário, econômico e de segurança que têm na violência comunitária um principal impulsionador do conflito que vem afetando civis. O impacto é desproporcional em populações vulneráveis, incluindo mulheres, crianças e grupos marginalizados.

Frustração pública

O enviado disse aos 15 Estados-Membros que episódios de agitação recentes refletem a frustração pública com a crise. O custo de uma cesta de alimentos média aumentou em 200% e a taxa de inflação é de 107%.

Os servidores públicos não foram pagos por dez meses. Um novo anúncio do governo sobre a retomada do fluxo de petróleo gerou uma certa esperança de restabelecimento de serviços básicos e do processo de transição, interrompido em 2024.

A nação sul-africana enfrenta um surto de cólera com suspeita de 23 mil casos. A situação foi agravada pelas cheias. A doença continua a se espalhar em locais de difícil acesso mesmo com tratamento, campanhas de água, saneamento e vacinações.

A ONU apoia o Plano de Necessidades Humanitárias e Resposta de 2025 para atingir 5,4 milhões de pessoas com assistência e proteção essenciais com US$ 1,7 bilhão. A mobilização de recursos continua crítica neste ano.

Família em centro de trânsito de Renk, no Sudão do Sul (Foto: Acnur/Charlotte Hallqvist)
Período de transição

O presidente interino da Comissão Conjunta Reconstituída de Monitoramento e Avaliação, Charles Tai Gituai, e um representante da sociedade civil falaram no evento.

O informe sobre os últimos três meses de 2024 revela que houve algum progresso após a decisão das autoridades sul-sudanesas de estender o período de transição, adiando as eleições gerais até dezembro do próximo ano.

Entre os desafios associados ao período eleitoral estão ainda a falta de financiamento adequado e o avanço lento em tarefas importantes, incluindo a preparação da Constituição permanente e avançar com o processo eleitoral.

A ONU destaca que o presidente sul-sudanês, Salva Kiir, concordou em abolir o projeto de lei prevendo poderes para deter suspeitos sem um mandado de prisão.

Batalhões militares

Em relação aos arranjos de segurança de transição, o relatório destaca que está em processo a implantação das Forças Unificadas Necessárias.

Negociações para aproximar o Governo de Transição Revitalizado de Unidade Nacional e os grupos resistentes, facilitados pelo Quênia em Nairóbi estão novamente estancadas após a retomada das conversas em dezembro passado.

A situação de segurança é considerada ainda frágil e marcada por incidentes de segurança frequentes, além da violência intercomunitária e persistente em muitas áreas do país.

Pelo menos 250 incidentes de violência afetando 953 civis, incluindo 327 mortes, marcaram uma alta de 27% nos incidentes em comparação ao período de relatório anterior.

A Unmiss opera com quatro bases temporárias em áreas de conflito como Koch, Jamjang, Abiemnom e Tambura para aumentar seu alcance, impedir ataques contra civis e proteger as principais rotas de suprimento. 

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