ONU pede ação imediata para evitar que a crise alimentar no Sudão do Sul se aprofunde

Conflito, mudança climática e custos crescentes causam no país alguns dos mais altos níveis de fome no mundo

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

As agências de segurança alimentar da ONU (Organização das Nações Unidas) alertaram na terça-feira (1º) que o Sudão do Sul enfrenta uma grave crise humanitária, que só será contida com medidas e investimentos imediatos para enfrentar a insegurança alimentar, os desafios climáticos e a insegurança.

Durante uma visita de três dias ao país, Qu Dongyu, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Cindy McCain, diretora executiva do Programa Alimentar Mundial (PMA), e Alvaro Lario, presidente do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) testemunharam os efeitos devastadores de eventos climáticos severos e falta de infraestrutura nas comunidades.

“Conflito, mudança climática e custos crescentes no Sudão do Sul estão causando alguns dos mais altos níveis de fome no mundo”, disse McCain, acrescentando que apenas distribuir comida não é a solução. “Devemos quebrar o ciclo e capacitar as comunidades para plantar as sementes da esperança, oportunidade e desenvolvimento econômico. Com paz e estabilidade, o potencial do Sudão do Sul é incrível”.

A visita ocorre após um relatório conjunto da ONU sobre o Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2023, que constatou que mais de 120 milhões de pessoas sofrem de desnutrição crônica desde 2019.

Mulheres carregam mantimentos de ajuda humanitária no Sudão do Sul, outubro de 2020 (Foto: Unicef/Mark Naftalin)
Potencial celeiro da África Oriental

O Sudão do Sul oferece um enorme potencial como um importante país produtor de alimentos, mas anos de conflito, agravados por mudanças climáticas, infraestrutura precária, baixa escolaridade e alto desemprego, bloqueiam qualquer progresso, de acordo com a FAO.

“O Sudão do Sul tem potencial para ser o celeiro da África Oriental, mas a crise climática, a infraestrutura agrícola precária, a instabilidade e os choques econômicos continuam prejudicando a produtividade agrícola e pecuária e a disponibilidade de alimentos”, disse Qu, observando a importância de novos financiamento.

“Investimentos e políticas que melhorem a segurança alimentar, a resiliência e a adaptação climática a longo prazo são urgentemente necessários”, acrescentou.

Investimentos maciços necessários

A colaboração entre as três agências da ONU e com o governo e outros parceiros no país ajudou a evitar a fome nos últimos anos e permitiu que os agricultores aumentassem sua produção de alimentos e renda.

No entanto, é necessária uma ação ampliada e sustentada para responder à atual crise de fome, evitar novos contratempos e mitigar crises futuras, disseram as agências.

“Para isso, precisamos mobilizar investimentos maciços e implementar as melhores práticas para combater a insegurança alimentar e nos adaptar às mudanças climáticas. Isso também melhorará muito o emprego rural. Mas precisamos agir agora”, declarou Lario.

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