Segundo agências, desnutrição infantil tende a quadruplicar no sul de Madagascar

Quatro anos consecutivos de seca acabaram com as colheitas e impediram o acesso aos alimentos por parte da população local,

O número de crianças com desnutrição aguda em Madagascar tende a aumentar quatro vezes em relação à avaliação anterior, realizada em outubro passado. A projeção é do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e do PMA (Programa Mundial de Alimentos), que ainda citam o risco de que 110 mil crianças sofram “danos irreversíveis” de crescimento e desenvolvimento.

Quatro anos consecutivos de seca acabaram com as colheitas e impediram o acesso aos alimentos por parte da população local, com as crianças entre as principais vítimas. “O que está acontecendo atualmente no sul de Madagascar é de partir o coração”, disse o representante do PMA Moumini Ouedraogo. “Não podemos dar as costas a essas crianças cujas vidas estão em jogo”.

Mais de 1,14 milhão de pessoas sofrem de insegurança alimentar no sul de Madagascar. O número de pessoas categorizadas como sobreviventes na fase 5, a de condições “catastróficas”, corre o risco de dobrar para 28 mil em outubro, diz o relatório das agências.

Menino segura prato vazio em comunidade ao sul de Madagascar (Foto: WFP/Tsiory Andriantsoarana)

E com a aproximação da época de escassez, o período do ano em que os estoques de alimentos diminuem, a previsão é de que a crise “piore drasticamente”. “Precisamos dobrar nossos esforços para conter este aumento catastrófico da fome, mas não podemos fazer isso sem recursos de financiamento significativos”, afirmou Ouedraogo.

Investimento

Com as taxas globais de desnutrição aguda atingindo alarmantes 27% no distrito de Ambovombe-Androy, o mais afetado, no extremo sul, medidas urgentes são necessárias para prevenir uma deterioração ainda maior. A crise fica ainda mais grave em virtude das instalações precárias de saúde e saneamento, bem como pela falta de água potável.

“É urgente investir na prevenção e no tratamento da desnutrição infantil para evitar que a situação se torne ainda mais crítica”, afirma o representante do Unicef Michel Saint-Lot.

Aumentos contínuos de preços de alimentos básicos e a consequente queda da oferta nos mercados ameaçam a saúde e o bem-estar de jovens e idosos. “Ao fornecer às famílias acesso a água potável e ao tratamento de crianças desnutridas com alimentos terapêuticos, vidas podem ser salvas”, diz Saint-Lot. “Mas temos que agir agora”.

Além do perigo de insegurança alimentar, as restrições contínuas da Covid-19 apresentam desafios adicionais ao limitar o acesso das pessoas aos alimentos, mercados e empregos.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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