Doze decapitados em Palma seriam estrangeiros, diz polícia de Moçambique

Decapitados teriam tentado fugir de um hotel cercado por jihadistas no ataque do Estado Islâmico a Palma, no dia 24

É muito provável que os 12 homens encontrados decapitados após o ataque de Palma, na província de Cabo Delgado, sejam estrangeiros, disse a polícia de Moçambique à Reuters no sábado (11). O EI assumiu a responsabilidade pela invasão.

“Eles foram amarrados e decapitados aqui”, mostrou o comandante da polícia de Palma, Pedro da Silva, a jornalistas que visitavam a cidade após a invasão do Estado Islâmico na cidade portuária, no dia 24. “Não sabemos as suas nacionalidades, mas acreditamos que são estrangeiros por serem brancos”.

Os corpos foram enterrados em local próximo ao hotel Amarula, na região central de Palma. Diversos trabalhadores da empresa francesa Total estavam hospedados no estabelecimento – a maioria do exterior. A cidade de 70 mil habitantes sedia o projeto multimilionário de extração de gás natural. A companhia interrompeu a obra multibilionária após ameaças em janeiro deste ano.

Doze decapitados em Palma seriam estrangeiros, diz polícia de Moçambique
Grupo de deslocados de Palma, Moçambique, após invasão do Estado Islâmico em assentamento de refugiados, abril de 2021 (Foto: Acnur/Martim Gray Pereira)

O grupo teria tentado escapar em um comboio de carros no dia 26, mas caiu em uma emboscada já fora dos portões, disse um porta-voz do governo de Moçambique ao tabloide britânico “Express”. Já há confirmação de uma das vítimas: o empreiteiro Philip Mawer, de 50 anos, natural do Reino Unido.

Além de Mawer, há ainda um sul-africano que não teve a identidade revelada. Os corpos estão em translado. As forças moçambicanas estimam que, além dos estrangeiros, outros 55 pessoas foram mortas na invasão. O número total, contudo, ainda é incerto.

“Os insurgentes raptaram boa parte dos cidadãos e mataram outros durante a fuga”, disse Chongo Vidigal, porta-voz da Operação Norte, que tenta conter os avanços jihadistas em Cabo Delgado, à emissora portuguesa RTP. O exército de Moçambique já disse ter matado 35 militantes desde o dia 24.

Avanço jihadista

Ao retornar à cidade, no dia 5, as forças moçambicanas encontraram um “cenário de guerra” em Palma. Havia corpos pelo chão, prédios e veículos incendiados, casas destruídas e saqueadas.

Os militantes do EI já controlam o estratégico porto de Mocímboa da Praia desde agosto de 2020, quando impulsionaram sua campanha de violência sobre Cabo Delgado. Com poucos recursos, o Exército moçambicano foi facilmente derrotado pelos insurgentes.

Agora Maputo sofre pressão para aceitar ajuda militar do exterior para impedir que a insurgência se espalhe a outras províncias do país. Portugal e Washington já prometeram auxiliar Moçambique no combate ao EI.

Washington incluiu os extremistas à lista de terroristas internacionais no dia 11. Por conta dos ataques, mais de 700 mil dependem de ajuda urgente para sobreviver em meio aos ataques, estima a ONU (Organização das Nações Unidas).

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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