Eritreia tem controle efetivo sobre partes de Tigré, afirma especialista da ONU

Controle é maior nos campos de refugiados eritreus de Hitsats e Shimelba, alertou relator ao Conselho de Direitos Humanos

Soldados da Eritreia têm “controle efetivo” sobre partes da região de Tigré, no norte da Etiópia, afirmou o relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas) Mohamed Abdelsalam Babiker, nesta terça (22).

“A Eritreia tem um controle eficaz sobre a região de Tigré, especialmente nos campos de Hitsats e Shimelba”, disse o especialista ao Conselho de Direitos Humanos, citando locais onde é comum a presença de refugiados eritreus.

Segundo ele, muitos dos refugiados que viviam na região estão agora desaparecidos, e é necessário realizar uma investigação completa para apurar os fatos. O documento enviado pelo relator aponta uma série de violações, como execuções sumárias, sequestro e desaparecimento de refugiados. A grande maioria teria sido cometida por soldados eritreus em Tigré.

Eritreia tem controle efetivo sobre partes de Tigré, afirma especialista da ONU
Refugiados dos conflitos de Tigré em campo da Unicef na Etiópia, abril de 2021 (Foto: Unicef/Mulugeta Ayene)

As tropas eritreias estão em Tigré desde novembro, quando o governo etíope lançou uma ofensiva em resposta à “desobediência civil” por parte da TPLF (Frente de Libertação do Povo Tigré), partido político que controla a região e tem um grupo paramilitar a seu lado.

Addis Abeba negou a presença do país vizinho no território em conflito por meses. A confirmação, porém, veio em março, quando o primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed garantiu a retirada dos soldados de Tigré – o que ainda não aconteceu.

Agraciado com o Nobel da Paz em 2019, Ahmed foi o responsável por aproximar Etiópia e Eritreia após 20 anos de confrontos. Mas o acordo de paz não reduziu as diferenças entre os eritreus e a TPLF, que continuaram adversários.

Nas eleições realizadas nesta segunda (21), Ahmed rejeitou as alegações de violência sexual e crimes de guerra na região. Tigré foi excluída das eleições por “alta insegurança”. Mais de 2 milhões de pessoas já se deslocaram desde o início dos conflitos.

Tags: