EUA oferecem recompensa milionária por líder de grupo congolês associado ao EI

Departamento de Estado oferece US$ 5 milhões por informações que levem a Seka Musa Baluku, o comandante das Forças Democráticas Aliadas

Seka Musa Baluku, identificado pelo governo norte-americano como líder do grupo extremista ADF (Forças Democráticas Aliadas, da sigla em inglês), da República Democrática do Congo (RDC), foi inserido no programa Rewards for Justice (Recompensas da Justiça, em tradução literal) do Departamento de Estado.

Embora seja originária de Uganda, a facção extremista tem atuado sobretudo na RDC e diz ser a ramificação do Estado Islâmico (EI) no país africano. A recompensa por informações que levem ao líder dos jihadistas, desde 2021 inserido na lista de terroristas internacionais designados, é de US$ 5 milhões.

O governo norte-americano já trata as ADF oficialmente como o braço do EI na RDC. O grupo, que também responde pelo nome de Madina em Tauheed Wau Mujahedeen, foi responsável por ao menos 849 mortes de civis em 2020, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas). Outro relatório mais recente fala em 370 vítimas entre abril e dezembro de 2022.

Aviso do Departamento de Estado sobre a recompensa oferecida por líder das ADF (Foto: reprodução)

“O EI-RDC cometeu violência brutal contra cidadãos congoleses e forças militares regionais nas províncias de Kivu do Norte e Ituri, leste da RDC. Sob a liderança de Seka Musa Baluku, o EI-RDC visa, mata, mutila, estupra e comete outros tipos de violência sexual e se envolve em sequestros de civis, incluindo crianças. O grupo também recruta e usa crianças durante ataques e trabalhos forçados no território de Beni, na RDC”, diz comunicado do órgão estatal dos EUA.

A facção já havia sido sancionada em 2014 pelo Tesouro norte-americano e pelo Conselho de Segurança da ONU. As sanções bloqueiam bens dos indivíduos e entidades punidos e proíbem as instituições financeiras em geral de conduzir transações com eles. “Além disso, é crime fornecer conscientemente apoio material ou recursos ao EI-RDC ou tentar ou conspirar para fazê-lo”, diz o aviso.

Por que isso importa?

As ADF constituem uma organização paramilitar originária de Uganda acusada de estar por trás de milhares de mortes nos últimos anos. O grupo nasceu em 1995, como oposição ao presidente Yoweri Museveni, e tem atuando majoritariamente em áreas remotas. Com o tempo, a facção ultrapassou a fronteira e passou a agir também na RDC.

O grupo foi colocado na lista de sanções financeiras por Washington, classificado como terrorista, e declarou publicamente ser um braço do EI, que por sua vez assumiu a responsabilidade por alguns de seus ataques.

No começo de maio de 2021, o governo congolês decretou lei marcial em Kivu do Norte e na província vizinha de Ituri, de modo a estancar a violência atribuída aos rebeldes. Porém, o número de civis mortos só cresceu, com relatos também de sequestros e saques realizados pelos insurgentes.

Cerca de três meses depois, em agosto do ano passado, o atual presidente congolês, Felix Tshisekedi, declarou que forças especiais dos Estados Unidos seriam enviadas à região a fim de estudar a viabilidade de instalação de uma unidade antiterrorismo para o enfrentamento da violência islâmica. Quase seis milhões de pessoas estão deslocadas internamente devido à violência.

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