Facções do Sudão são chamadas por EUA e Arábia Saudita para conversas de paz

Esforços para encerrar a violência se intensificam após mais de um ano de conflito civil, que opõe as Forças Armadas a um grupo paramilitar

O chefe de uma das facções em conflito no Sudão aceitou o convite do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, para participar de negociações de paz destinadas a encerrar o devastador conflito de 15 meses no país. As informações são da rede Voice of America (VOA).

O líder das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), Mohammed Hamdan “Hemedti” Dagalo, confirmou na terça-feira (23) que o grupo paramilitar participará das negociações. Ainda na terça, os EUA convidaram tanto a RSF quanto o exército sudanês para conversas na Suíça, marcadas para 14 de agosto, à medida que os esforços para resolver o conflito se intensificam.

Os EUA anunciaram que a Arábia Saudita será responsável por co-organizar as negociações, que contarão com a União Africana, Egito, Emirados Árabes Unidos e a ONU (Organização das Nações Unidas) como observadores.

Combatentes das Forças de Apoio Rápido (RSF) (Foto: WikiCommons)

Blinken declarou que as negociações na Suíça têm como objetivo alcançar um cessar-fogo nacional, garantir acesso humanitário a todos os necessitados e criar um mecanismo sólido de monitoramento e verificação para assegurar a implementação de qualquer acordo.

O exército do Sudão, liderado por Abdel Fattah al-Burhan, ainda não respondeu ao convite. Dagalo afirmou que o convite para negociar era “bem-vindo”.

Dagalo afirmou no X , antigo Twitter, que a prioridade é salvar vidas, interromper os combates e buscar uma solução política negociada para restaurar o governo civil e a transição democrática no país.

Na semana passada, em Genebra, houve conversas indiretas entre as partes em conflito mediadas por pelo enviado do secretário-geral das Nações Unidas para o Sudão, Ramtane Lamamra, focadas na proteção de civis e na ajuda humanitária. Lamamra considerou as discussões “encorajadoras”.

Mergulhado em um tumulto

O Sudão está mergulhado em um tumulto desde o início dos combates entre a Forças Armadas Sudanesas (SAF) e os paramilitares da RSF, em abril de 2023.

Mais de 15 mil pessoas foram mortas e milhares de outras ficaram feridas, em meio a relatos de violência sexual e de gênero abomináveis.

A guerra também deslocou mais de seis milhões de civis dentro do Sudão e mais 1,8 milhão além de suas fronteiras, em um cenário de crise maciça que deixou 25 milhões de pessoas necessitadas de ajuda humanitária e proteção.

A terrível situação é agravada por uma grave escassez de suprimentos essenciais, já que as entregas de produtos comerciais e de ajuda humanitária foram fortemente restringidas pelos combates e pelos desafios de acesso ao território controlado pela RSF.

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